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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Blog Reinaldo Azevedo











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VEJA

/ Blogs e Colunistas





Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)


15/06/2015 às 6:35







15/06/2015 às 6:25



Talvez eu devesse sentir mais orgulho do que sinto agora; talvez eu devesse bater mais bumbo do que vou bater agora; talvez eu devesse emprestar mais solenidade à coisa do que vou emprestar agora… E, sim, vou lhes revelar por que minha satisfação é discreta, por que economizo na percussão e por que prefiro a nonchalance à gravidade. Vamos lá.

Na sexta-feira, em pleno Dia dos Namorados, no discurso que fez na abertura do 5º Congresso do PT — aquele evento esvaziado, que indica um partido em decadência —, Lula não se limitou a demonstrar sua satisfação com o desemprego de jornalistas; ele não se contentou em aplaudir as eventuais dificuldades do setor de comunicação, o que leva as empresas a diminuir custos, inclusive por intermédio de demissões… Ah, sim: é bom lembrar que o mesmo acontece na construção civil, no setor automotivo, no comércio, nos serviços. Nada disso! Ele também resolveu nominar, ainda que sem ousar dizer, de fato, nomes, aqueles a quem considera, sei lá, maus brasileiros.

Sim, fui contemplado na fala do Babalorixá de Banânia; este blogueiro foi um dos eleitos do Apedeuta; este colunista virou um dos alvos de Dom Lulone, o Poderoso Chefão do PT; este radialista entrou na mira do palestrante mais caro do mundo. Leiam o que ele disse, Na sequência, está o áudio:
“No dia 1º de maio de 2014, um blogueiro falastrão escreveu: ‘O PT começou a morrer. Que bom!’ E, no dia 7 de maio, um historiador que não deve conhecer a história escreveu, ‘adeus, PT’”.

Ouçam.



Retomo
O blogueiro a quem ele se refere sou eu, claro. Só que tal texto não foi publicado no blog, mas na minha coluna coluna na Folha no dia 25 de abril do ano passado, não no dia 1º de maio. Aliás, eu me orgulho muito daquele texto, de sua atualidade, de sua precisão, de sua pertinência. Eu transcrevo trecho do que escrevi há mais de um ano. Leiam.

O PT ensaiou uma reação quando veio a público a avalanche de malfeitorias óbvias na Petrobras: convocou o coração verde-amarelo da nação. Tudo não passaria de uma conspiração dos defensores da “privataria”, interessados em doar mais essa riqueza nacional ao “sagaz brichote”, para lembrar o poeta baiano Gregório de Matos, no século 17, referindo-se, em tom de censura, aos ingleses e a seu espírito mercantil. Não colou! A campanha não pegou. A acusação soou velha, do tempo em que a ignorância ainda confundia capitalismo com maldade.

Desta vez, parece, os larápios não vão usar o relincho ideológico como biombo. Até porque, e todo mundo sabe disto, ninguém quer nem vai vender a Petrobras. Infelizmente, ela continuará a ser nossa, como a pororoca, o amarelão e o hábito de prosear de cócoras e ver o tempo passar –para lembrar o grande Monteiro Lobato, o pai da campanha “O petróleo é nosso”. A intenção era certamente boa. Ele não tinha como imaginar o tamanho do monstro que nasceria em Botocúndia.

Há nas ruas, nas redes sociais, em todo canto, sinais claros de enfraquecimento da metafísica petista. Percebe-se certo cansaço dessa estridência permanente contra os adversários, tratados como inimigos a serem eliminados. Se, em algum momento, setores da sociedade alheios à militância política profissional chegaram a confundir esse espírito guerreiro com retidão, vai-se percebendo, de maneira inequívoca, que aquilo que se apresentava como uma ética superior era e é apenas uma ferramenta para chegar ao poder e nele se manter.
(…)

Volto
Antes que siga: o historiador a quem ele se refere é Marco Antônio Villa, que deu seu adeus ao PT em coluna no jornal O Globo no dia 6 de maio de 2014. Mas volto ao meu texto: como se nota, eu antevia ali o partido cujos membros não conseguem jantar num restaurante, não conseguem andar nas ruas, têm de circular quase clandestinamente. E, como todos sabem, não endosso esse tipo de hostilidade.

Não deixa de ser um honra merecer de Lula a alcunha de “blogueiro falastrão”. Quem me xinga? O palestrante mais caro do mundo? O líder inconteste do partido que protagonizou o mensalão, o aloprão e o petrolão? O homem que erigiu um modelo que faz o Brasil mergulhar na recessão quando o resto do mundo cresce, exceção feita a alguns países cuja gestão é tão ou mais desastrosa do que a petista? Aquele que se orgulha de ter tirado, ao menos alardeia, 26 milhões da pobreza absoluta em 12 anos para, num único, no 13º, devolvê-los ao lugar de onde, então, haviam saído? O cara que bateu no peito se dizendo o maior criador de empregos do mundo para, agora, ser o maior matador de empregos do mundo? O aiatolá de uma legenda que transformou a roubalheira em categoria de pensamento e em categoria política? O líder espiritual de uma grei que transforma o estelionato eleitoral numa profissão de fé e tem a cara de pau de nem pedir desculpas? O sujeito que recebe, por meio de dois entes, R$ 4,527 milhões de uma única empreiteira, mas se diz o verdugo das elites e o porta-voz dos pobres?

Quem é o falastrão?

É uma honra receber tal desqualificação de uma personagem assim. Mas confesso que eu poderia estar mais satisfeito. E sabem por que não estou? Porque Lula está em decadência. Porque Lula é uma personagem restante de um mau sonho vivido por “estepaiz”, como ele diria. Porque Lula é, e já afirmei isto aqui tantas vezes, citando Fernando Pessoa, apenas um “cadáver adiado que procria” — um cadáver político.

Estou acostumado, não é? Alberto Cantalice, vice-presidente do PT, já chegou até a redigir uma lista negra de pessoas que fariam mal ao Brasil. Eu encabeço o grupo dos nove. Entendo! Quem faz bem ao país são petistas como João Vaccari Neto, Renato Duque e o próprio Lula, comandante inconteste, desde sempre, de todos os filiados ao partido.

Poderia ser o auge da minha carreira, mas, evidentemente, não é. Ter conseguido mudar uma tradução do Vaticano ainda é o meu maior feito.

Preferiria, obviamente, ser atacado por gente intelectual e politicamente mais qualificada. Mas vá lá… Insuportável se mostraria ser citado por Lula como referência de bom jornalismo.

Esse foi um dos dois bons presentes que ganhei no Dia dos Namorados.

Obrigado, Lula!
Texto publicado originalmente à 1h06

Por Reinaldo Azevedo





15/06/2015 às 6:23


A pressão dos leitores é grande para que eu comente a entrevista que Dilma Rousseff concedeu a Jô Soares. Há um enorme inconformismo. No sábado, botei o pé na rua e comecei a ser abordado por conhecidos: “Você viu aquilo? Você viu que absurdo?”. Vamos lá. Vamos botar as coisas nos seus justos termos.

Jô faz um talk show, não um programa jornalístico. Assim, seu compromisso com suas afinidades eletivas, com seu gosto pessoal, com suas idiossincrasias pode ser maior do que com a precisão. É evidente que ele tinha um roteiro, pautado por uma leitura muito pessoal da realidade, e decidiu segui-lo. Em muitos momentos, a sua disposição de sair em defesa de Dilma se mostrou superior à dela própria em se defender.

Ele foi ainda muito pouco lisonjeiro, para empregar palavra suave, com a imprensa. Assim como não me arvoro em guardião da reputação de seu programa, não vou aqui tirar ares de ofendido em nome da corporação. Ele faça o que quiser. Eu vou me ocupar da questão objetiva. E, no caso, ela é estritamente técnica.

Logo no início do programa, Jô classifica de “absurda” a que chamou de “onda fora Dilma” e afirma que “na democracia, quando a pessoa é eleita, tem de se respeitar o voto”. Parece-me evidente que ele desconhece o conteúdo da Lei 1.079, que é a que define crime de responsabilidade. Parece evidente que ele desconhece os artigos 299 e 359, alíneas “a” e “c”, do Código Penal. Se os conhecesse, tomaria mais cuidado. Não é preciso fazer juízo exótico nenhum para concluir que essas leis foram atropeladas pela presidente — no primeiro caso, com os descalabros da Petrobras; no segundo, com as pedaladas fiscais.

Mas notem: a consideração acima embute um juízo de mérito, e é claro que, mesmo tomando conhecimento do conteúdo das leis, Jô poderia discordar e concluir: “Não creio que tenha havido nem crime de responsabilidade, num caso, nem crime contra as finanças públicas, no outro”. Sim. Eu sei conviver com a diferença e admito que o conjunto rende uma boa polêmica. O que estou dizendo com isso?

Quando se faz um debate pautado pela lei, Jô Soares, não há “absurdo” nenhum! Ninguém foi à rua dizer “eu quero porque eu quero”. Ademais, a eleição é um valor absoluto para decidir quem está eleito, mas não é um valor absoluto para decidir se o governante fica no cargo. Ou Jô Soares considera ilegítima a deposição de Fernando Collor? “Ah, mas naquele caso, houve crime”, talvez ele pudesse objetar. É que muita gente séria e sensata avalia que, no caso de agora, também. Então onde está o absurdo?

Mas ainda falta
Mas isso ainda é o de menos. Nas democracias, pessoas vão às ruas com frequência pedir a deposição de governantes. É um direito. Assim como Jô tem o direito de ser contra. Os regimes parlamentaristas já deram a isso a devida resposta: se um governo se torna por demais impopular, o que costuma acarretar a perda de maioria no Congresso, ou se a crise no partido majoritário se mostra incontornável, o gabinete cai. E, Jô, trata-se de um governo… eleito! Houvesse alguma forma de “recall” no presidencialismo, alguém tem dúvida de que Dilma seria deposta? Acho que não.

Sim, pode-se dizer, o grande “recall” foi feito em 2014, com a reeleição. Acato o argumento. O chato é que Dilma não disse que iria dar choque de juros e de tarifas, cortar benefícios sociais, capar o orçamento, aprofundar a recessão… Ao contrário: ela atribuiu essas intenções a seus adversários, muito especialmente ao tucano Aécio Neves. E esta foi uma das grandes falhas da entrevista caso se tratasse de um programa jornalístico: é moral, é ético, é legítimo mentir de forma tão determinada para se reeleger? O governo que a maioria dos votantes endossou, e por margem estreita, não é esse.

Claro, o que vai acima é uma questão política, não jurídica. Por si, confere legitimidade — sim, Jô Soares! — ao “fora Dilma”, mas ainda não confere legalidade. Atenção! Refiro-me a legalidade para depor, não para cobrar a deposição, que isso está dado pelo Artigo 5º da Constituição, uma cláusula pétrea. A base legal que sustenta o “Fora Dilma” está na Lei 1.079 e nos Artigos 289 e 359, alíneas “a” e “c” do Código Penal. Jô já entrevistou com evidente simpatia o jurista Ives Gandra da Silva Martins, por exemplo. Talvez pudesse fazê-lo de novo.

De toda sorte, reitero, ainda que estelionato não houvesse, e há; ainda que ilegalidades não houvesse, e estou entre que os avaliam que há, pedir “Fora Esse” ou “Fora Aquele” faz parte do jogo democrático, muito especialmente, Jô Soares, quando isso é feito sem o uso de aparelhos sindicais, sem o emprego de dinheiro público, sem a mobilização da máquina estatal e paraestatal.

Milhões de brasileiros gostariam, sem dúvida, de viver naquele país imaginário, retratado no programa. Mas me dispenso de entrar nessas minudências porque trato cotidianamente disso aqui. Uma coisa é certa: quando um povo percebe que está sendo roubado por uma máquina gigantesca e cínica; quando se dá conta de que foi engabelado por promessas eleitorais que não serão satisfeitas; quando se sente traído pelo discurso vitorioso nas urnas e quando, além de tudo isso, tem a ampará-lo a Constituição e as leis, gritar “Fora presidente” — seja este quem for — é, além de um direito, um dever.

Especialmente quando se faz isso sem agredir nem sequer uma isca dos patrimônios público e privado. Jô é um homem inteligente, de múltiplos talentos, de uma cultura geral rara no meio artístico. Não estou aqui contestando a sua opinião, embora pudesse fazê-lo, claro! Estou dizendo que ele precisa prestar mais atenção às leis, num debate que é também jurídico, e às virtudes da democracia, num debate que é também político.
Texto publicado originalmente às 2h43Por Reinaldo Azevedo





15/06/2015 às 6:10


Melhor um partido com dois ou três pré-candidatos à Presidência do que com nenhum, desde, é claro!, que, na hora certa, eles se entendam e que as disputas internas sejam leais. Escrevo isso porque é evidente que o PSDB já tem ao menos dois nomes para 2018: um é o senador Aécio Neves (MG). Quem atingiu a sua marca na eleição passada e vai conservar a presidência do partido cogita, obviamente, concorrer de novo. O estelionato eleitoral praticado por Dilma atua como um permanente cabo eleitoral seu. A partir desta segunda, o que antes se dava como muito provável já é certo: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vai mesmo entrar na corrida. E por que não o faria?

Alckmin se reelegeu governador no primeiro turno e ganhou a disputa em 644 dos 645 municípios de São Paulo: 99,84%, marca jamais atingida no país. No Estado, Aécio obteve mais de oito milhões de votos de vantagem sobre Dilma, e é claro que parte desse mérito é atribuída também ao tucano paulista.

A maior resistência ao petismo se dá justamente em São Paulo, como reconhece o PT. Neste domingo, foi eleita, em chapa única, a nova direção do PSDB no Estado. O presidente do diretório é o alckmista Pedro Tobias; na secretaria-geral, o deputado federal Bruno Covas, que é também do grupo político do governador.

Tobias lançou, sem meias-palavras, a candidatura de Alckmin à Presidência: “O governador, como médico, gosta de gente. Esse é o nosso governador, que cuida de São Paulo. O país precisa de um médico, porque está doente, corrompido. O país quer Geraldo presidente”.

Alckmin discursou e foi duro com o PT: “A política se exerce essencialmente com ética. O PT pode ser tudo, menos um partido político, porque um partido político se faz com ética”. E resumiu assim a situação do país: “Não é possível pagar com o futuro do Brasil as contas dos malfeitos da última década”. É evidente que essa é a fala de um pré-candidato.

Ainda que, em política, previsões com mais de três anos de antecedência valham muito pouco, há coisas que são ditadas pela obviedade: que o cenário de 2018 vá ser favorável aos que hoje se opõem ao PT, isso parece certo. Assim, se os tucanos não cometerem erros importantes, podem disputar em condições favoráveis inéditas desde 2002. Os alckmistas sempre souberam que Aécio pretende ser candidato; os aecistas sempre souberam que Alckmin pretende ser candidato. Ninguém está surpreso. A evitar, apenas a disputa fratricida. Em algum momento, será preciso estabelecer um critério para se chegar ao nome. E, mais uma vez, claro!, vai se falar de uma chapa dos sonhos, a unir São Paulo e Minas, ou Minas e São Paulo…

Aécio terá a seu favor o recall da campanha nacional; como permanecerá no comando da legenda nacional, é um porta-voz natural da oposição, e a visibilidade que tal condição lhe garante facilita o seu pleito. O ponto frágil é o resultado eleitoral em Minas, com a derrota para Dilma e a vitória do petista Fernando Pimentel. Alckmin governa o Estado mais rico do país e demonstrou impressionante musculatura eleitoral. Nestes dois anos recentes, em que a reputação dos políticos, de maneira geral, despencou, resistiu bem. Os adversários apostavam que sucumbiria à falta de chuvas e trovoadas. Não aconteceu. Mas é, obviamente, menos conhecido do que Aécio fora de São Paulo. Por mais que pesquisas sejam um retrato da hora, têm sempre um peso enorme.

Dois mil e dezoito já começou.Por Reinaldo Azevedo





15/06/2015 às 4:04



O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, concedeu uma entrevista ao Estadão neste domingo. Fez algumas afirmações que dão o que pensar, a saber:

1: “O PMDB dificilmente repetirá a aliança com o PT. Este modelo está esgotado”;
2: “Vejo nitidamente que há uma tentativa de sabotagem ao PT ao Michel [Temer] dentro da articulação”;
3: “Qualquer tentativa de sabotagem do Michel acabará em ruptura”;
4: “Michel não é candidato a presidente da República. Se o fosse, poderia ter o apoio de todo mundo do partido, mas não é”;
5: “Até acho que vão sentir saudades de mim depois que eu sair.”

Então vamos ver. Até onde a vista alcança, também não vejo o PMDB repetindo a aliança de agora. Em 2018, o casamento com o PT não deve mais ser atraente. O partido dos companheiros estará mais para noiva-cadáver. Parece-me bastante possível que o PMDB tente um voo próprio — ou, hipótese que considero superior à repetição da aliança de agora, pode integrar uma frente anti-PT. Os próprios petistas deixam claro que esse casamento não terá um terceiro tempo.

O partido decidiu manter o aceno ao PMDB em seu congresso encerrado neste domingo, conservando a sua atual política de alianças, mas dirigentes petistas gritavam “Fora Cunha!” enquanto o tema era debatido. À sua maneira, Cunha grita “Fora PT!”.

O presidente da Câmara aponta algo que Temer, dado o seu estilo, negaria de pés juntos, mas que é fato: há movimentos claros no PT para sabotar o seu trabalho, embora, e isto parece piada, ele seja obrigado a atuar para unir até as respectivas bancadas petistas na Câmara e no Senado. É fato que a petezada não se conforma com o protagonismo do vice na área política e se sente menos dona do governo do que gostaria.

Temer não repetiria certamente as palavras de Cunha, mas duvido que este tenha falado sem o aval, nem que seja pelo silêncio, daquele: uma ação explícita para desestabilizar o trabalho do coordenador político poderia ser respondida com o rompimento do PMDB com o governo. Parece improvável? Até parece. Mas aí também é preciso ver o tamanho do agravo.

O vice-presidente, de fato, não reivindicou a função; ela lhe foi mais ou menos imposta por Dilma na expectativa de que isso tornaria Cunha e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, reféns do Planalto. Temer explicou à interlocutora, à época, que as coisas não funcionam bem assim no partido, mas ela também estava sem escolha, e ele conferiu alguma ordem a uma área que era a casa da mãe joana.

Cunha afirma que Temer não é candidato à Presidência. Bem, acho que é. Não porque eu saiba o que o presidente da Câmara ainda não sabe, mas porque tal afirmação é incompatível com a realidade dos fatos: o vice ainda é o homem que concilia as várias correntes do partido, e o coordenador político do governo consegue ao menos amainar crises. Se o PMDB decidir mesmo ter candidatura própria, é evidente que haverão de perguntar a Temer se quer ou não — então é, sim, pré-candidato ao menos.

Com alguma ironia, Cunha diz que vão sentir a sua falta quando deixar a presidência da Câmara. E fez tal afirmação depois de negar que pretenda a reeleição. Não sei os outros. Eu vou. Nem tanto por causa do que ele pensa, mas em razão da sua operosidade. Há muito não se via uma Casa tão ativa, o que, como se nota, enche as esquerdas de ódio. Estavam acostumadas a um país que, havia 12 anos, amarrava-se à sua pauta imobilista.

Goste-se ou não das posições de Cunha, ele fez pelo debate democrático no Congresso o que há muitos anos não se fazia. Não por acaso, tornou-se o alvo principal dos dinossauros vermelhos. O que, parece-me, evidencia que, de fato, o PMDB não tem mais como andar junto com o PT. Esse casamento entrou, tudo indica, na sua etapa final. Melhor para o país.Por Reinaldo Azevedo





12/06/2015 às 16:15


Sabem como é… Em caso de dificuldade, arranque mais dinheiro da sociedade. Afinal, os companheiros precisam sustentar suas pantomimas, e o dinheiro tem de sair de algum lugar.

A presidente Dilma Rousseff autorizou seu ministro da Saúde, Arthur Chioro, a fazer proselitismo por aí em favor da volta da CPMF. Agora, ele busca o apoio dos governadores e, segundo disse no Congresso do PT, já conversou com a maioria deles. “É preciso dar sustentabilidade ao sistema. E o partido já mostrou o caminho.” O governo deve apresentar a sua proposta no segundo semestre, durante a Conferência de Saúde.

Uma das ideias é estabelecer um piso de movimentação a partir do qual se cobraria o imposto. É impossível! Não tem jeito: a única forma de aplicar esse tipo de taxação é mesmo fazê-la incidir sobre qualquer movimentação.

Dilma foi eleita faz sete meses. Prometeu mundos na área da saúde, mas não disse de onde sairiam os fundos. Ora, deveria ter anunciado ao distinto eleitor que pretendia recriar a CPMF. Não disse. A conversa é parte do estelionato.

Joaquim Levy, ministro da Fazenda, diz não haver perspectiva para a volta do imposto: “Não que eu esteja vendo”.Por Reinaldo Azevedo





12/06/2015 às 16:06


Não é por acaso, creio, que o direito italiano é uma das referências do brasileiro. A extradição de Henrique Pizzolato foi, mais uma vez, suspensa. O Conselho de Estado acatou novo recurso impetrado por sua defesa nesta sexta. Tem caráter provisório.

Informa a Folha:
“O Conselho de Estado, que barrou a extradição, é um colegiado formado por parlamentares e juristas e é a última instância da Justiça administrativa da Itália. A notícia da suspensão da extradição causou surpresa e revolta entre diplomatas brasileiros em Roma que haviam discutido os detalhes da extradição do petista com autoridades dos ministérios do Interior e da Justiça italianos.”

O interessante nessa história é que não se trata mais de recurso sobre o mérito, mas sobre procedimentos. A Justiça do país já decidiu que não há impedimento nenhum para a extradição.

Convenham: nesse particular, a Justiça italiana não faz inveja à brasileira.Por Reinaldo Azevedo





12/06/2015 às 15:57


Ah, sim: o PT já mudou de ideia. Ainda que Rui Falcão tenha vituperado contra doações privadas no seu discurso de ontem, o partido já desistiu da recusá-las. Leiam esta fala.

“A minha opinião é o que o PT deve aguardar o marco regulatório do país e, a partir daí, o diretório nacional delibere definitivamente sobre o assunto”.

É de Márcio Macedo, novo tesoureiro da legenda.

Pronto!

Era tudo de mentirinha! O partido só estava forçando a mão para ver se conseguia proibir as demais legendas de receber doações legais.

E que fique claro, não é? O problema não está nas doações legais, mas nas ilegais. Inclusive nas ilegais lavadas pela legalidade, área em que o PT andou se especializando.Por Reinaldo Azevedo





12/06/2015 às 15:45


Luiz Inácio Lula da Silva não se conforma de, por enquanto, ser ele o único brasileiro acima da lei — ou, sei lá eu, abaixo… Ele quer que tal privilégio se estenda também a Paulo Okamotto, o seu faz-tudo e um pouco mais. Por isso, informa a Folha, ligou para Michel Temer, vice-presidente e coordenador político do governo, para saber que diabos havia acontecido. E o que havia acontecido? A CPI aprovou a convocação de Okamotto para explicar a doação de R$ 3 milhões que recebeu da Camargo Corrêa. O rapaz deve ter o que dizer, já que é presidente do tal instituto. Lula, o palestrante mais caro do mundo, recebeu ainda R$ 1,527 milhão da empreiteira por intermédio da LILS, a empresa de palestras do companheiro, da qual Okmotto também é sócio. LILS, como se sabe, são as iniciais de Luiz Inácio Lula da Silva. Como se nota, a Polícia Federal já pode dar início à Operação Acrônimo II.

Ninguém conhece Lula tão bem como Okamotto, com as prováveis exceções de Marisa Letícia e Rosemary Noronha, mas aí em outros campos da experiência humana, e esta lembrança fica por conta do Dia dos Namorados. Okamotto é personagem de uma celebração mais contínua. Sabem como é, todo dia é dia dos companheiros. Em 2005, lembro, veio à luz um suposto empréstimo que o PT teria feito a Lula. O chefão petista negava o dito-cujo, mas Okamotto confirmou e ainda disse que ele próprio devolvera o dinheiro, mas esquecera de avisar o chefe. Entenderam? Teria pagado a dívida do chefe com recursos do próprio bolso. Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves. Sim, o caso parece meio bobo. Só o relembro para evidenciar a proximidade.

Mas voltemos ao telefonema. Lula estava nervoso. Como se fosse o Fortão do Bairro Peixoto da República, foi tirar satisfações com Temer, acusando o PMDB de ter atuado de forma deliberada para complicar a vida do petista. Huummm… E, como Temer é presidente do PMDB e coordenador político, deveria ter alguma explicação a dar, certo?

O vice-presidente, ora vejam!, deixou claro o óbvio: não participara da decisão. Eduardo Cunha, presidente da Câmara (PMDB-RJ), próximo de Hugo Motta (PMDB-PB), que preside da CPI, já havia dito que não tinha nada com isso. Ou por outra: não se tratava de uma conspiração. Será que Temer disse a Lula o que vai a seguir? Bem que poderia. Vamos lá.

“Veja bem, Lula, a gente sabe como são essas coisas. Pensemos no seu caso. E sou coordenador político do governo, e gasto boa parte do meu tempo tentando convencer os petistas a apoiar medidas que a presidente considera essenciais à governabilidade. É curioso, não é, Lula?, que tenha de ser eu a convencer os petistas a apoiar o governo. E não parto do princípio de que você e Rui Falcão conspirem para derrubá-lo. É que, a despeito de qualquer coordenação, os parlamentares agem também segundo a sua consciência. Note, Lula, se, em casos que podem conduzir o país à ingovernabilidade, parlamentares do próprio PT não atuam como ordem unida, você há de compreender a dificuldade em mantê-la em casos que nada têm a ver com o destino do país, mas só com o destino de Paulo Okamotto e, claro!, seu. Convém, Lula, como diria Karl Marx, que você não confunda a sua comédia pessoal com a história do país e o desgoverno dos seus negócios com a governabilidade.”

Essa parte final, creio, o vice-presidente não disse de jeito nenhum! É sabidamente um homem cordato, educado. O que não é o caso de Lula, aquele que, nesta sexta, resolveu comemorar, ainda que de modo oblíquo, as demissões nas empresas jornalísticas.

Mais reclamações
Lula aproveitou o encontro da Bahia para dar uma carraspana nos deputados petistas: como é que permitiram a convocação de Okamotto? Alexandre Padilha, aquele que não consegue nem jantar num restaurante em São Paulo, braço-direito de Fernando Haddad, o que explica muita coisa, fez coro. O chefão petista evocou uma de suas obsessões: segundo disse, o iFHC também recebeu dinheiro da empresa. Por que não foi convocado?

Não sei que resposta lhe deram os petistas, mas eu dou a minha: vai ver é porque o ex-presidente não tem como interferir em contratos da Petrobras, né? Essa parece ser uma causa bastante eficiente.

Okamotto tem uma explicação singular para a sua convocação:
“Você faz luta política e tenta potencializar. Toda vez que tem evento importante do PT, há algum tipo de movimentação em algum lugar para tentar desqualificar o partido, isso é uma coisa notória. Sempre acontece alguma coisa na véspera das coisas do partido”.

Ele se referia ao fato de que a convocação coincidiu com o início do congresso do partido. Tenham a santa paciência! Lembro que o PT queria adiar o julgamento do mensalão porque, afinal, se daria em ano eleitoral. Dado o calendário e até que não mude, o STF deveria, então, julgar processos envolvendo políticos só em anos ímpares — e, ainda assim, só quando o PT não tivesse marcado algum evento.

Okamotto ainda explica:
“Se for para explicar as doações da empresas, já é público e notório que Lula faz palestras para ramo de construção, bancos, alimentos, indústria de bebidas. Quando são palestras de caráter empresarial, elas costumam ser cobradas, tem cachê. Tem contrato e é tudo contabilizado.”

Pronto! Tudo explicado. O líder do partido que se diz socialista e que convoca Dilma a resistir ao capitalismo, como fez Rui Falcão em seu discurso de ontem, é o maior e mais caro especialista do mundo em… capitalismo!

É impressionante que essa gente tenha conseguido enganar tanta gente por tanto tempo!Por Reinaldo Azevedo





12/06/2015 às 10:15



Por Reinaldo Azevedo





12/06/2015 às 9:55


Por que tanto mi-mi-mi?

Nesta quinta, deputados das bancadas evangélica e católica postaram-se atrás da Mesa da Câmara e exibiram imagens com flagrantes da Parada Gay ocorrida em São Paulo no domingo. Havia a transexual com os seios à mostra presa a uma cruz, inferindo que os gays são os cordeiros de Deus de hoje; mulheres introduzindo objetos não identificados na vagina, pessoas caracterizadas como santos ou figuras bíblicas praticando sexo oral…

Se querem saber, não achei o protesto de bom gosto, mas compreendo as suas razões. O que não entendo é a gritaria dos “progressistas”. Que é? Foram tomados agora de um súbito puritanismo? As imagens exibidas pelos deputados foram flagrantes feitos nas ruas, em praça pública, diante de todos — o que, diga-se, afronta a lei; trata-se de comportamento tipificado no Código Penal.

É curioso que agora cobrem de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, uma atitude. Que atitude ele poderia tomar, além de nenhuma? Diz ele: “Não emiti opinião. Já vi várias manifestações, de várias naturezas, acontecerem no plenário, como bater panela e levantar carteira de trabalho. Não posso impedir a manifestação de parlamentar, como não impedi de bater panela”. A fala é correta.

Então os gays podem sair às ruas, patrocinados com dinheiro público — sim, com dinheiro público —, ofender a religião de milhões de pessoas, com a agressividade típica das falsas vítimas, e o Parlamento é obrigado a se calar? Ora, por que o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), sempre tão loquaz, não tomou a palavra para defender o comportamento dos que foram à parada com o propósito de agredir a Constituição?

A reação dos inconformados não passa de patrulha, má-fé e ódio à democracia. Vamos ver. Se evangélicos ou católicos, numa marcha atacarem símbolos de religiões de origem africana, o que vocês acham que vai acontecer? Vão entrar na mira do Ministério Público, que apelará à Constituição e às leis, que protegem a diversidade religiosa. Por que o cristianismo — de qualquer denominação — pode ser vilipendiado, especialmente numa manifestação, reitero, financiada com dinheiro público?

Os cristãos têm o direito de se manifestar e de protestar, ora essa! Então os que gritam por uma lei que puna o que chamam de homofobia podem exercitar a mais descarada e aviltante cristofobia? A propósito: por que somos todos obrigados a pagar para que eles façam sexo oral em praça pública? Pode não parecer, mas havia muito do nosso dinheiro lá.

Devagar aí! O estado é laico, sim, mas não é oficialmente ateu. Aliás, leio no preâmbulo da Carta Magna: “promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”. Os ateus não gostam? Fiquem tranquilos: “sob a proteção de Deus”, seu direito de não professar fé nenhuma está resguardado. Mas também estão protegidos os símbolos religiosos.

Poucas coisas me irritam tanto quanto a gritaria das falsas vítimas. Então os promotores da Parada Gay permitem ou estimulam o vitupério contra as religiões; açulam os ânimos contra as lideranças religiosas; hostilizam de maneira deliberada a fé alheia e, quando há uma reação, ficam posando de vestais? Dizem-se perseguidos? Opa! Quem perseguiu quem na parada de domingo? A rigor, desconheço algum outro país em que o sexo oral seja patrocinado com dinheiro estatal.

As lideranças gays façam o que acharem melhor. São livres para se manifestar, mas não para agredir a Constituição e o Código Penal. E os que se sentirem ofendidos com as suas agressões também têm direito à reação — dentro da lei e da ordem. Digam-me cá: se católicos e evangélicos decidirem propor movimento de boicote às marcas que patrocinam a parada gay, estarão sendo obscurantistas ou apenas exercendo um direito democrático?

Quem vai à rua para agredir a religião alheia está escolhendo um caminho. Um mau caminho. As lideranças gays que promovem a marcha deveriam, isto sim, pedir desculpas, se é que pretendem viver num mundo civilizado. O que se viu nas ruas foi baixaria, vulgaridade e delinquência intelectual.

A propósito: eu estou entendendo errado, ou há mesmo pessoas defendendo a censura sob o pretexto de defender a diversidade sexual?

Tenham mais compostura política, se a outra se mostra impossível!Por Reinaldo Azevedo





12/06/2015 às 8:55


Leiam trecho:
Cinco homens estupraram quatro garotas na cidade de Castelo do Piauí (PI). Um deles tem 41 anos, os outros quatro, entre 15 e 17. Dois desses rapazes somam 120 ocorrências entre polícia e Conselho Tutelar. Uma das vítimas foi enterrada na segunda (8). Duas outras seguem internadas. O adulto deve pegar uns bons anos de cana. Os outros quatro estarão soltos daqui a três anos. Com alguma manha, posam de anjos da cara suja e saem antes. A ficha deles será tão limpa como a sua, leitor. O registro de seus respectivos nomes desaparecerá dos arquivos oficiais. Estarão prontos para arrumar emprego em escolinha infantil.


Na quarta (10), estudantes ligados à UNE e à UBES, aparelhos do PCdoB cujo comando é definido em eleição indireta, e militantes de outras seitas invadiram a Câmara, onde se encontravam deputados eleitos diretamente, para impedir que a comissão especial votasse o relatório de Laerte Bessa (PR-DF) favorável à PEC que baixa a maioridade penal de 18 para 16 anos. Sim, está longe de ser o ideal.

O sensato seria eliminar da Constituição a linha da inimputabilidade e definir, na legislação ordinária, as penas segundo o crime cometido e a situação objetiva do criminoso. Menores de 18 e maiores não dividiriam a mesma instituição prisional, mas a ninguém seria garantida a impunidade. Com pequenas variações nas faixas etárias, assim é em países em que há menos de um homicídio por 100 mil habitantes. No Brasil, há 26.
(…)
Íntegra aquiPor Reinaldo Azevedo






12/06/2015 às 8:42


Bem, conforme antevisto aqui — e o próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já havia feito tal advertência —, o mandato de apenas cinco anos para senadores não será aprovado pelos… senadores! E, se querem saber, havendo bicameralismo, é o tipo de alteração que realmente não faz sentido. Isso mudaria o caráter do Senado. Além de ter a característica de Câmara revisora, a Casa tem de ser também uma âncora de estabilidade.

Reitero o que já escrevi aqui: a Câmara fez muito bem em extinguir a reeleição e em adotar o mandato de cinco anos. Mas aí é preciso cuidar das consequências, que, como diria o amante da tautologia, vêm sempre depois.

O mandato de cinco anos para senador, que não vai passar, e o tempo das mudanças — que só começariam daqui a seis anos e só se concluiriam em 12 — só provoca instabilidade. Não faz sentido que os eleitos em 2016, nos pleitos municipais, e os eleitos em 2018, nos pleitos federais, ainda tenham mandato de quatro anos. Por quê?

Insisto na minha proposta, a saber:
1) prefeitos e vereadores eleitos em 2016 já teriam cinco anos de mandato (período de 2017 a 2021);
2) presidente, governadores, deputados estaduais e deputados federais eleitos em 2018 também teriam cinco anos (período de 2019 a 2023).
Mas o que fazer com os senadores? Respondo:
3) o terço eleito em 2014 teria seu mandato estendido até 2023 — um ano a mais;
4) os dois terços que serão eleitos em 2018 passariam a ter 10 anos de mandato. Não há mal nenhum nisso — apenas dois a mais do que hoje. Para evitar o “efeito Suplicy”, que levou São Paulo a ficar por longos 24 anos com apenas dois senadores (se é que me entendem), pode-se proibir o parlamentar de emendar mandatos, sendo obrigado a um intervalo de no mínimo cinco anos.

A vantagem é que a reforma começaria logo, no ano que vem. Votar agora uma mudança para daqui a 12 anos? Convenham: dá tempo de mudar a mudança que ainda nem terá começado.

A minha proposta não mexe com direito adquirido de ninguém — nem com expectativa de direito. “Ah, mas quem se elegeu em 2012 (eleições municipais) e 2014 (eleições federais) tinha a perspectiva de se reeleger para apenas mais quatro; permitir que seja por mais cinco fere direitos dos adversários…” Nada disso! Não existe direito adquirido, já decidiu o Supremo, a regime jurídico. Mudou, mudou! A rigor, se o Congresso decidir que os atuais ocupantes de cargos executivos, ainda que em primeiro mandato, não podem se reeleger, fim de papo! É, aliás, o que eu faria se decidisse sozinho, mas sei que ninguém vai propor isso porque não passa de jeito nenhum!

Foi uma imprudência e uma tolice — e não faltaram advertências — a Câmara ampliar o mandato de deputado e cortar quase à metade o de senador. É possível corrigir isso e dar início às mudanças já no ano que vem.Por Reinaldo Azevedo





12/06/2015 às 7:56


Um partido em decadência. Essa é a síntese do primeiro dia do 5º Congresso do PT, que se desenvolveu entre a contradição, a dispersão e o ressentimento. Incrível, mas ninguém por ali dizia coisa com coisa. Recorrendo a um velho chavão da esquerda, a presidente Dilma Rousseff se deslocou da Bélgica para a Bahia para falar aos companheiros sobre tática e estratégia, como se estivesse numa antiga reunião da VAR-Palmares — a Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares. Disse a mandatária: “O PT é um partido preparado para entender que, muitas vezes, as circunstâncias impõem movimentos táticos para alcançar o objetivo mais estratégico: a transformação do Brasil em uma nação desenvolvida e mais justa”. Entendi: os juros, que Rui Falcão, no mesmo encontro, classificou de “escorchantes”, e a recessão são os caminhos da redenção socialista, que o PT diz ainda buscar. Os companheiros é que não perceberam.

Dilma teve um ataque de Fidel Castro ou de Hugo Chávez. Falou por longuíssimos 50 minutos. Começou com o auditório cheio e terminou com ele esvaziado. Ninguém mais dava bola para a sua “recessão de salvação”. Enquanto discursava, petistas abriram, num canto do salão, uma faixa em que se lia: “Abaixo o Plano Levy”, como se isso existisse. Nesse aspecto, ao menos, Dilma foi honesta: não existe um “Plano Levy”; existe um “Plano Dilma”.

A presidente apelou ao partido que apoiasse o governo depois de Falcão dizer, como antecipado aqui ontem, que “o PT não acredita que é possível retomar o crescimento provocando recessão. Nem que se possa combater a inflação com juros escorchantes e desemprego de trabalhadores e máquinas”. Vale dizer: O PT, segundo Falcão, não acredita no que diz a presidente, que, por sua vez, asseverava estar fazendo apenas um recuo tático, como, sei lá, Mao Tsé-tung ou Lênin.

Lula despertou um pouco mais de atenção. Porque, afinal, é Lula. Mas, segundo o relato de pessoas presentes, não muito. E o Babalorixá de Banânia? Apresentou alguma saída para o Brasil? Sim! O rancor. O companheiro tomou o microfone para atacar a imprensa, citando as empresas de comunicação como exemplos de má gestão e de perversidade, já que demitiram profissionais.

Afirmou: “Esses veículos falam tanto do nosso governo… Não são capazes de administrar a própria crise sem jogar o peso nas costas dos trabalhadores. E acham que podem ensinar como administrar um país com mais de 200 milhões de habitantes”. É uma fala para mobilizar boçais, que é a plateia que está restando aos companheiros. Fosse como ele diz, nos momentos de crise, jamais haveria demissões, não é? Ou os demais setores da economia não estão desempregando também? Ou esse desemprego não é uma consequência, inclusive, da recessão, que a companheira Dilma chamou de “movimento tático”?

Se o desemprego atingisse apenas jornalistas, os petistas ainda conseguiriam sair às ruas e ir a restaurantes. Ocorre que eles estão tendo de cair na clandestinidade porque a crise é bem mais séria.

O que se viu na Bahia, em suma, foi o retrato da decadência, o que é uma boa notícia para o Brasil. Na linha de frente da mesa de autoridades, Lula, Dilma e Rui Falcão, cada um atirando para o lado. Na segunda fileira, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que não consegue dar as caras nem em ciclofaixa, e o enrolado governador de Minas, Fernando Pimentel.

João Vaccari Neto não foi porque está preso.

A rigor, a gente pode dizer que esse 5º Congresso do PT juntou os petistas que ainda estão soltos.Por Reinaldo Azevedo





12/06/2015 às 6:33


Por Reinaldo Azevedo

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11/06/2015 às 21:06


A Organização das Nações Unidas, por intermédio da ONU Mulheres Brasil, emitiu uma nota cobrando a punição dos estupradores e assassinos da cidade de Castelo do Piauí (PI). É claro que faz bem. O leitor menos atento, no entanto, não perceberá que essa nota também é filha bastarda do pensamento politicamente correto que leva à impunidade. Leiam. Volto em seguida.
*
A ONU Mulheres Brasil se solidariza com as quatro vítimas de estupro coletivo, ocorrido na cidade de Castelo do Piauí (PI). Este é um crime que choca a todo o Brasil e a América Latina pela crueldade com que as adolescentes, entre 15 e 17 anos, foram alvo da violência sexista, tendo seus corpos violados, torturados e mutilados. À memória da vítima fatal do feminicídio, Danielly Rodrigues Feitosa, e a seus familiares, condolências e justiça.

Desde março deste ano, o Brasil assegurou o feminicídio – assassinato de mulheres e meninas com requintes de crueldade – como crime hediondo no Código Penal por meio da Lei nº 13.104/2015. Como 16ª nação latino-americana com punição prevista em lei ao feminicídio, o Brasil foi escolhido como primeiro país-piloto para adaptar o Modelo de Protocolo Latino-americano para Investigação de Mortes Violentas de Mulheres por Razões de Gênero, elaborado pela ONU Mulheres e pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, devido às políticas e à rede de serviços públicos de enfrentamento à violência.

Contudo, para além da responsabilização do poder público aos agressores, justiça e reparação às vítimas, são necessárias transformações de comportamento e atitude na sociedade e consciência pública sobre a gravidade e os altos índices de violência contra as mulheres e meninas: cerca de 50.000 estupros e 5.000 assassinatos por ano. Isso implica mudanças diárias e mobilizações, em todos os níveis, sobre a maneira com que mulheres e homens, meninas e meninos, se relacionam, adotando valores e práticas firmados na igualdade e livres de quaisquer formas de violência.

Nadine Gasman
Representante da ONU Mulheres Brasil

Retomo
Vamos lá. É claro que estão corretas a solidariedade expressa às vítimas e a cobrança de punição. São as únicas coisas certas da nota. O resto é um apanhado de equívocos presos a uma covardia.

E onde está a covardia? A senhora Nadine Gasman se nega a admitir o óbvio: haverá impunidade, sim, para quatro dos cinco estupradores e assassinos. Afinal, eles são menores de 18 anos, e a Constituição e o ECA impedem que sejam responsabilizados penalmente. Mais: a ONU Mulheres Brasil sabe muito bem que os nomes dos bandidos menores não podem nem ser pronunciados pela imprensa. Eles também desaparecerão dos arquivos, e não haverá Lei de Acesso à Informação que possa levar à divulgação. Como a ONU é um dos paraísos do pensamento politicamente correto, então produz essa pérola.

Notem que, de forma confortável, a nota prefere admoestar toda a sociedade, como se esta fosse responsável, como ente, pelos estupros e pela violência.

Mais: trata-se, sim, de estupro. Mas se trata, sobretudo, da agressão – e morte – de seres humanos, num país em que há mais de 50 mil homicídios por ano, boa parte deles praticada por menores, que terão garantida a impunidade. Tratar a questão apenas pelo viés da agressão contra as mulheres corresponde a escamotear o que realmente aconteceu.

Notem que o texto fala na Lei do Feminicídio, mistura de populismo judicial com demagogia, implementada pelo governo apenas para dar a impressão de que algo está sendo feito. Até porque, convenha, em que a existência dessa lei agrava a situação dos menores estupradores e assassinos?

O texto prossegue, insistindo em algo que a própria imprensa se nega a ver: a suposta existência de 50 mil estupros no país. Com a lei que, na prática, iguala molestamento a estupro, sob o pretexto de endurecer a pena com molestadores, perdeu-se a dimensão do estupro e a sua gravidade. Mascaramento de dados, para baixo ou para cima, é uma boa forma de jamais corrigir um problema.

É bom que a ONU tenha se manifestado, sim. Mas poderia não ter sido covarde. No fim das contas, o texto acaba especulando sobre as culpas que seriam de toda a sociedade, não dos facínoras que praticaram aqueles atos. Trata-se de um pensamento muito típico das esquerdas: maximiza o problema, generaliza-o, faz dele um caso cultural, antropológico e sociológico e inviabiliza qualquer resposta.

Não, minha senhora da ONU: antes de ter havido um “feminicídio”, houve um homicídio, a senhora entende? A propósito: dos mais de 50 mil assassinados no Brasil, as mulheres representam algo em torno de 7%; 93% dos casos são “masculinicídio”. Como o governo não tinha resposta nenhuma a dar e cortou verba destinada à segurança pública, inventou, então, essa demagogia para embalar esquerdistas e trouxas, quase a mesma coisa. A única diferença é que nem todo trouxa é esquerdista, mas todo esquerdista é trouxa.Por Reinaldo Azevedo





11/06/2015 às 16:34


Se você clicar aqui, terá acesso à íntegra do discurso que o presidente do PT, Rui Falcão, fará nesta quinta, na abertura do 5º Congresso do PT, na Bahia. Como de hábito, quando me refiro aos petistas, repito a máxima muito conhecida de Talleyrand quando se referiu aos Bourbons: “Eles nem aprendem nada nem esquecem nada”. O discurso de Falcão traz uma coleção assombrosa de bobagens e mistificações que indicam uma de duas coisas: ou elas inviabilizam o PT como alternativa de poder, e isso será bom para o país; ou o PT continuará, por vontade do eleitor, a ser um partido viável, e, nesse caso, inviável é o país. Direi por quê.

Consta que a presidente Dilma Rousseff estará na abertura do encontro. Então ouvirá Falcão dizer as seguintes palavras, prestem atenção:
“O PT não acredita que é possível retomar o crescimento provocando recessão. Nem que se possa combater a inflação com juros escorchantes e desemprego de trabalhadores e máquinas.”

Como se nota, o presidente do principal partido do governo está pedindo, ainda que com palavras suaves, a cabeça do ministro da Fazenda, Joaquim Levy; como se nota, o presidente do partido ao qual pertence a mandatária demonstra a sua disposição de resistir às imposições da realidade.

Na sequência, o senhor Rui Falcão — o chefão da legenda flagrada em relações incestuosas com empreiteiras; o amigão de Lula, que recebeu, por intermédio de duas entidades, R$ 4,527 milhões de uma única empresa em dois anos — resolve atacar o capitalismo, acusando-o de ser o verdadeiro autor dos descaminhos da política econômica brasileira. Para que sua palavra pareça abalizada, decidiu citar o papa:
“Como já disse o Papa Francisco, em sua encíclica Evangelii Gaudium (“A Alegria dos Evangelhos”), o desemprego é ‘o resultado de uma escolha mundial, de um sistema econômico que levou a uma tragédia, um sistema que tem em seu centro um deus falso, um deus chamado dinheiro’.”

Duas observações: se papas entendessem de economia, o Banco do Vaticano não teria se metido em escândalos envolvendo até a máfia. A segunda: o partido que protagonizou o mensalão e o petrolão certamente mantém uma relação bem pouco cristã com o dinheiro.

E Falcão prossegue:
“Não há nenhuma fatalidade que obrigue povos ou governos a capitularem diante das pressões do mercado, ou seja, dos bancos e do grande capital que dominam o planeta. É preciso ter coragem política — e a nossa presidenta a tem de sobra — , vontade de resistir e de buscar alternativas, adotando as providências necessárias para fazê-los recuar.”

Embora negue covardemente o que está a dizer, Falcão acusa Dilma de falta de coragem política. Mas vou além: se ele e o papa estiverem certos e se é verdade que existe esse monstro mundial chamado “capitalismo”, Falcão está incitando Dilma a resistir a ele bravamente. O país que responde hoje por menos de 1% das trocas comerciais no mundo, santo Deus!, seria um polo de resistência ao capitalismo. É de uma estupidez continental.

Dilma havia decidido não participar da abertura. Agora vai. Estará lá para ouvir uma porrada em seu ministro da Fazenda e para levar na testa a pecha de covarde.

Falcatruas
Mas é ao se referir aos escândalos que a estupidez de Falcão atinge o sublime. Segundo ele, a reação negativa ao partido — que está nas ruas, em toda parte, em todas as classes, em todos os setores — não se deve aos desmandos e à roubalheira, que ele parece achar até naturais e compreensíveis numa organização que reúne, como ele diz, milhares de pessoas. Nada disso! Segundo Falcão, o PT é hoje impopular por causa de suas virtudes. Afirma:

“Condenam-nos não por nossos erros, que certamente ocorrem numa organização que reúne milhares de filiados. Perseguem-nos pelas nossas virtudes. Não suportam que o PT, em tão pouco tempo, tenha retirado da miséria extrema 36 milhões de brasileiros e brasileiras. Que nossos governos tenham possibilitado o ingresso de milhares de negros e pobres nas universidades.
Não toleram que, pela quarta vez consecutiva, nosso projeto de País tenha sido vitorioso nas urnas. Primeiro com um operário, rompendo um preconceito ideológico secular; em seguida, com uma mulher, que jogou sua vida contra a ditadura para devolver a democracia ao Brasil.
Maus perdedores no jogo democrático, querem fazer do PT bode expiatório da corrupção nacional e de dificuldades passageiras da economia, em um contexto adverso de crise mundial prolongada.”

Entenderam? Segundo Falcão, o PT é vítima da corrupção, não um de seus promotores. O que vai acima é uma confissão. Quer dizer que o partido não mudará as suas práticas; quer dizer que o partido, de fato, acha que se comportou dentro do possível. Para o presidente da agremiação, moralmente perversos são seus críticos, que estariam infelizes com a ascensão de pobres e negros. É uma fala, com a devida vênia, nojenta.

Mas, de qualquer forma, congratulo-me com Falcão. Ninguém mais acredita nisso. Nem os petistas. Daí fazerem agora um congresso esvaziado.

Financiamento de campanha
No fim de seu discurso, Falcão fará a defesa do financiamento público de campanha, mas deixa claro que o congresso do partido não vai debater a questão. Manter ou não a decisão de recusar doações privadas será matéria de decisão do Diretório Nacional.

Não sei a que tipo de trouxa Falcão pretende enganar. Só o Instituto Lula recebeu R$ 3 milhões da Camargo Corrêa entre 2011 e 2013, que pagou mais R$ 1,527 milhão para a LILS, esta uma empresa privada do companheiro. Desde quando os petistas precisam de doações oficiais de campanha para ver seus cofres cheios? O petrolão prova que não.

Falcão encerra seu discurso citando Che Guevara: “Sonhem e sereis livres de espírito; lutem e sereis livres na vida”.

Em primeiro lugar, na tradução, há dois erros de português, que, espero, sejam corrigidos até a noite. “Sonhem” e “lutem” estão na terceira pessoa do plural, e “sereis”, na segunda. Assim, ou o petista, que já foi jornalista, opta por “Sonhai e sereis livres de espírito; lutai e sereis livres na vida” ou por “Sonhem e serão livres no espírito; lutem e serão livres na vida”.

Se Falcão não corrigir o discurso, estará fazendo com a língua o que o PT fez com a ética e com a economia.

Em tempo: na prisão de Santa Clara, em Cuba, Che Guevara matou, pessoalmente, alguns prisioneiros com tiros na cabeça. Nas tardes modorrentas, levantava-se de seu tédio e, com o charuto no canto da boca, mandava um pipoco na cabeça do inimigo já rendido. Mais do que recomendar que as pessoas fossem livres na vida, o tarado, assassino e fedorento livrou muitas pessoas “da vida”.Por Reinaldo Azevedo





11/06/2015 às 15:40


Abaixo, um depoimento chocante. Cinco homens — um de 41 anos e quatro entre 15 e 17 — estupraram quatro garotas na cidade de Castelo do Piauí (PI). Uma delas morreu, e duas estão internadas. Ele narra, como quem diz “hoje é quinta-feira”, como o grupo rendeu as meninas, estuprou, torturou e depois as jogou de uma altura de pelo menos 10 metros com o objetivo de matá-las. Num dado momento, referindo-se à tentativa de eliminar as vítimas, ele diz: “terminar o serviço”. Segundo seu depoimento, ele havia consumido maconha, e os outros, cocaína e crack Vejam. Volto em seguida.



Que coisa, né? Eu sou um homem racional, acho, e pretendo fazer análises racionais das coisas, de modo a juntar elementos congêneres, estabelecendo paradigmas. Sem isso, a cabeça da gente vira uma salada, um “caos de ideias claras”, como se referiu Karl Marx (olhem quem estou citando…), certa feita, a um contemporâneo seu que era notavelmente confuso. Por que isso?

Façam uma pesquisa informal, e o Datafolha poderia confirmar o seu levantamento amador: os defensores do ECA e da maioridade penal só aos 18 anos, na maioria das vezes, são também defensores da descriminação das drogas. As duas teses fazem parte de um mesmo paradigma. Elas compõem o coquetel progressista, pouco importa que a realidade diga o contrário. Pouco importa quantas vítimas são feitas pelo caminho.

Na verdade, na cabeça perturbada de boa parte dos esquerdistas, o monstro que fala acima é que é a verdadeira vítima. O estupro, a tortura e a morte que ele praticam são apenas uma espécie de cobrança que ele faz à sociedade, ou de retaliação, por seu sofrimento. Nessa perspectiva, sempre que um canalha como esse mata alguém, ele está apenas completando um roteiro: só quando mata, ele se torna a vítima perfeita.

“Ah, Reinaldo, então eu, que sou defensor do ECA e da descriminação das drogas, sou também culpado, mereço também ser preso?” Não! Segundo as leis penais, não! E eu nem defenderia que fosse diferente. Não se trata de culpa. As esquerdas têm de aprender que existe uma coisa chamada “responsabilidade ética”, que se distingue, muitas vezes, de seu senso pessoal de justiça ou de seu gosto. A questão das drogas, por exemplo, é muito eloquente. Não se trata de saber se você acha ou não, e eu acho, que consumir ou não consumir é, originalmente, um ato de escolha pessoal e intransferível. Quando se defende a legalidade ou a descriminação, você não está decidindo se vai ou não queimar um baseado. Você estará fazendo uma escolha ética, com efeitos também lá em Castelo do Piauí.

“Te peguei, Reinaldo! A droga é ilegal, e os rapazes estupraram e mataram sob o seu efeito”. Não! Eu é que o peguei, interlocutor imaginário. E por um conjunto de razões:
1: fosse legal, não há lógica que explique que isso não teria acontecido;
2: legal ou ilegal, ela funciona como elemento potencializador e liberador daquilo que o indivíduo se tornou;
3: ainda que se possa argumentar que, fosse outra a moralidade dos assassinos, outro seria o efeito da droga, admite-se, por óbvio, que elas relaxam a censura;
4: a ser verdade, como querem os progressistas de esquerda, que o problema não está nas drogas, mas numa sociedade perversa, forçoso seria considerar, por encadeamento lógico, que havemos de resolver, então, as perversidades — inclusive as sociais;
5: a exemplo dos libertários de direita, eu também tenho em altíssima conta as escolhas individuais e defendo que o Estado se meta bem menos nas nossas vidas. A minha diferença com eles é que também aqueles que não querem um mundo assim tão bom fazem escolhas individuais, não é? Por Reinaldo Azevedo





11/06/2015 às 7:17







11/06/2015 às 6:50


Ai, ai… Quando o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) era presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, as esquerdas davam plantão na Casa e tentavam arrancá-lo de lá à força, ao arrepio da lei. Esses patriotas têm uma maneira muito singular de contestar o outro: buscam eliminá-lo. Agora, ora vejam, o presidente de tal comissão é quem? O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), um dos integrantes do Comitê Santamariense de Solidariedade ao Povo Palestino. Até aí, bem… Ele pode ser membro do que quiser que não fira a lei.

Ocorre que esse comitê é um dos signatários daquele documento de caráter obviamente persecutório encaminhado à reitoria da Universidade Federal de Santa Maria que, depois de tecer comentários ferozes contra o Estado de Israel, cobra que a instituição informe se existem israelenses nos corpos docente e discente dos cursos de pós-graduação. Para escândalo da Constituição, o nada magnifico reitor, sr. Paulo Burmann, decidiu que era, sim, o caso de fornecer a informação. É evidente que o conjunto da obra remete ao mais odioso antissemitismo.

Pois bem, eis que o sr. deputado resolveu emitir uma nota. Uma nota detestável por tudo o que diz e por aquilo que omite. Ele poderia tê-lo feito como membro do comitê. Mas não! Preferiu falar como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Leiam a nota, que segue publicada na língua em que foi escrita. Chega a lembrar o português às vezes. Volto em seguida.
*
Tomamos conhecimento pela imprensa sobre fato que tem causado grande debate, referente a um memorando que circulou aos programas de pós-graduação da Universidade Federal de Santa Maria questionando da “presença ou perspectivas de discentes e/ou docentes israelenses”. A justificativa seria atender a pedido de informações de representantes da sociedade civil reunidos em coletivo de solidariedade à questão palestina.

O documento tem sido interpretado por algumas pessoas como ato de racismo, antissemitismo e discriminação contra o povo judeu. Todas essas condutas são tipificadas como crime, graves violações aos direitos humanos, que não podem ser justificadas em nome de qualquer causa. Como cidadão, parlamentar e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias repudio veementemente todo ato dessa natureza.

Precisamos, contudo, primar pela cautela para não incorrermos no erro de pré-julgar, atingindo ou mesmo destruindo trajetórias institucionais, profissionais ou pessoais. É inaceitável que a imagem da Universidade Federal de Santa Maria, uma das maiores e mais importantes instituições de pesquisa e ensino do Brasil, seja maculada em decorrência de um jogo de descontextualizações a partir de um fato isolado que não retrata sua tradição de 55 anos de humanismo. Por isso mesmo, cabe à UFSM a iniciativa de adotar as medidas necessárias para reparar equívocos na condução do tema.

Do mesmo modo, acompanharemos as apurações conduzidas pelos órgãos competentes, já em andamento, os quais cumprirão sua missão constitucional na defesa do Estado Democrático de Direito, trazendo-nos a confiança de que todos os fatos serão esclarecidos.

A perseguição aos judeus e o holocausto são marcos na construção do Direito Internacional dos Direitos Humanos. O respeito à dignidade, à diversidade e o combate ao antissemitismo são deveres de todos e estão presentes nos conceitos e na prática do na ampla maioria dos sistemas jurídicos do mundo.

Da mesma forma, a causa palestina é legítima e trata-se de uma das questões fundamentais de direitos humanos hoje. Seus defensores não podem ser atacados de forma equivocada e injusta, como se fossem promotores de intolerância. Quem descontextualiza manifestações para promover o ódio recua nos ensinamentos que a história dolorosamente nos legou.

Quanto à questão política de fundo, reitero minha posição construída ao longo dos anos sobre o conflito Israel/Palestina: sou daqueles que possui esperança quanto à solução do conflito, convicto de que isso só será possível por meio do diálogo entre as lideranças e de uma forte ação diplomática internacional. Que se possa estabelecer justiça ao povo palestino, garantindo seu direito à autodeterminação e a um Estado Nacional, de acordo com as Resoluções da ONU sobre o tema. O Brasil cumpre um papel estratégico podendo se constituir como um importante interlocutor devido a sua trajetória de convivência harmoniosa entre as comunidades judaica e palestina, bem como pela sua firme política internacional.

Nesse sentido, aprovamos, na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, no mês de março do corrente ano, requerimento para realização de um ciclo de debates denominado “Direitos Humanos e Diversidade Religiosa”. Promover a cooperação no sentido de erradicar a violência por motivações religiosas é parte da estratégia de promoção de direitos humanos no mundo contemporâneo, assolado por divergências de toda ordem, inclusive de cunho religioso.

A CDHM se soma a esse esforço de criação de uma cultura de paz e de justiça.
Deputado Federal PAULO PIMENTA
Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias

Retomo
A nota do deputado tem 3.445 caracteres. Ele gasta 1.650 para fazer um relato meio porco do que aconteceu — desses, 580 são dedicados à defesa da universidade e de sua direção.

O ilustre parlamentar usa minguados 298 toques para repudiar o antissemitismo, o que ele faz, a gente nota, sem grande calor retórico. Preguiçosamente. Parece dizer: “Ah, já que o antissemitismo é execrado em todo o mundo, então tá…”. Talvez ele se inflame mais comendo um suflê de chuchu.

Mas depois ele assume ares condoreiros. Nada menos de 1.497 toques são dedicados ao proselitismo em favor da causa palestina. Tem o direito de escrever um livro. Ocorre que a nota do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, segundo entendi, era para repudiar eventual prática de antissemitismo.

Então ficamos assim: diante de um ato claramente persecutório contra os judeus, assinado, inclusive, pelo tal Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino, do qual ele faz parte, esse homem justo expressa as suas reservas ao antissemitismo em 298 toques, mas empresta 1.497 à causa palestina. É asqueroso que tenha tido o topete de assinar essa mensagem como presidente da comissão. Que o fizesse como membro do comitê, aí seria até compreensível.

Notem o esforço nada sutil de Pimenta para justificar o que aconteceu, tentando lhe retirar a gravidade. Mais: ao fazer aquelas considerações sobre os palestinos, tratando, pelo silêncio, Israel como o algoz, o parlamentar, na prática, queira ou não, endossa o ato persecutório. Pergunta rápida: o que a questão palestina tem a ver com o pedido de informação?

Ninguém vai ficar gritando nos corredores da Câmara, a pedir a cabeça de Pimenta. Jovens barbudinho-molambentos não vão sapatear seus tênis sujos de grife sobre a mesa dos deputados da comissão, como fizeram quando Feliciano estava lá. Uma universidade adere à mais odiosa prática persecutória contra um povo, instigada pela entidade à qual pertence Pimenta, e a muitos parecerá natural que ele emita uma nota detestável como essa.

Quando se tem Paulo Pimenta como presidente de uma comissão de direitos humanos, a gente pode esperar qualquer coisa. Ou coisa pior.

Não me espanta que este senhor tenha publicado em sua página oficial artigo de certa senhora que sustenta que os judeus “ocuparam” aquele território para fundar o Estado de Israel porque era o local onde nasceu Cristo…Por Reinaldo Azevedo








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“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”

"A Revolução Francesa começou com a declaração dos direitos do homem, e só terminará com a declaração dos direitos de Deus." (de Bonald).

Polonia by Augusto César Ribeiro Vieira


(95) Vídeos de Isso é Brasil

Fico imaginando como deve ser louvor dos anjos!! Assista e veja o porque!

Posted by Ronaldo Nunes de Lima on Segunda, 24 de junho de 2013

Este vídeo é a minha singela homenagem ao policial Civil do Distrito Federal, Carlos Eugênio Silva, conhecido como Dentinho, morto em um acidente nos EUA.Aproveito para agradecer o Governo e a Polícia Americana pelo exemplo de tratamento e honrarias dispensados a um policial morto. Espero muito que o Governo Brasileiro se espelhe neles e trate esse nosso guerreiro com o devido respeito e admiração em solo Brasileiro.Temos que aprender a reverenciar principalmente o velório de quem põe a vida em risco por nós e por nossos familiares, não apenas as celebridades da TV.

Posted by Marcos Do Val on Quinta, 9 de julho de 2015