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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Alerta Total




Alerta Total


  • O General Leônidas e o Golpe Militar de 1985 
  • A Anta se desmantela 
  • Comandante ou Comissário? Diga não, Comandante! 
  • Anotações de um encontro com o General Leônidas 
  • O que está faltando no Brasil 
  • Fé e Liberdade 
  • Descarcerização 
  • Normalidade e corrupção 
  • A Revolução na Economia 
  • Ação Libertadora Nacional 



Posted: 05 Jun 2015 05:51 AM PDT




  • Leônidas sorrindo (d) e Sarney boquiaberto 






Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net






O brasileiro tem um outro pecado tão ou mais grave quanto seu desapreço pela democracia verdadeira ou a submissão a aceitar sobreviver, passivamente, sob tutela de um Estado Capimunista, autoritário, cartorial, cartelizado, centralizador, perdulário e corrupto. Nós cultivamos um falso sentimentalismo pessoal que atrapalha a compreensão correta da leitura histórica, e nos faz repetir os mesmos erros do passado, de maneira recorrente. Costumamos não fazer a autocrítica e a crítica certeira, nem na hora da morte.






Ontem, morreu um dos mais brilhantes e influentes militares brasileiros. Aos 94 anos de idade, após complicações geradas por um tombo, faleceu o General de Exército Leônidas Pires Gonçalves. O velório do ex-ministro do Exército acontecerá das 8h 30min às 11h30min deste sábado, no Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste, no Rio de Janeiro. O corpo de Leônidas (que deixa esposa, 2 filhos, 4 netos e 7 bisnetos) será cremado, a partir das 13 horas, no Crematório São Francisco Xavier, no bairro do Caju.






Já que Leônidas veio do pó e à poeira retornará, como todos os mortais, vamos analisar a figura dele diante da História mal contada do Brasil. O General tem uma responsabilidade gravíssima. Leônidas foi o avalista da posse de José Sarney na Presidência da República. A decisão fora tomada em 15 de março - um dia depois do presidente eleito pelo Colégio Eleitoral do Congresso Nacional, Tancredo de Almeida Neves, ter sido fulminado por dores abdominais que o perseguiam desde a tensa campanha presidencial contra Paulo Maluf.






No dia 14 de março, Tancredo não aguentou. Um leiomioma benigno, porém infectado, estourou em sua região abdominal. A ordem dada foi esconder da opinião pública que Tancredo tinha um tumor. A palavra câncer sempre gerou pavor e denotava fragilidade e fatalidade programada. Mais que o medo da doença fatal, doente antes de tomar posse, Tancredo tinha o temor concreto de que o então Presidente João Figueiredo se recusasse a passar a faixa presidencial ao seu vice, naquele momento considerado um "traidor" dos militares. Naquele momento, amigos e familiares relatam que Tancredo teria pensado em uma famosa frase de Getúlio Vargas, de quem fora ministro: "No Brasil, não basta vencer a eleição, é preciso ganhar a posse"... 






O General Lêonidas garantiu a de Sarney! Em meio à polêmica da posse, na madrugada do dia 15 de março, Leônidas se dirigiu a Sarney com um recado-nomeação: "Boa noite, Presidente". A História não batiza oficialmente, mas, Leônidas deu o "Golpe Militar de 1985" que colocou o vice de Tancredo no poder. A morte de Tancredo, após longa agonia, foi marketeiramente anunciada em 21 de abril - dia de Tiradentes, mártir mineiro. Aquela que seria batizada de "Nova República", após o governo dos presidentes militares, já nasceu literalmente morta, graças ao câncer de Tancredo e ao movimento de Leônidas. 






A entrega do poder a Sarney atrasou o Brasil 1000 anos. O maranhense era um reconhecido "filhote da dita-dura". A diferença dele para Paulo Maluf como gestor é que o paulista realizou grandes obras por seu Estado e pela cidade de São Paulo, apesar dos notórios superfaturamentos. O que Sarney fez pelo Maranhão todo mundo sabe. O que ele fez (de besteira) pelo Brasil foi pior ainda. Até hoje Sarney reina. Renan Calheiros, presidente do Senado, não por acaso, é um de seus pupilos e herdeiros, junto com Edson Lobão, companhia limitada & sociedade anônima...






Leônidas tem culpa ou dolo pelo gesto pró-Sarney? No julgamento da História, a intenção dele não foi tomada isoladamente. O General era, simplesmente, a parte mais corajosa de um sistema. Ele acabou sendo o porta-voz de uma decisão tomada por forças muito acima - tanto políticas, quanto econômicas. Na sucessão dos militares, o desejo e o acordo feito era para impedir retaliações. A agenda foi cumprida direitinha na Era Sarney. O estilo linha-dura de Leônidas salvou o maranhense da degola com o agravamento de uma crise econômica brutal.






Como prova do tal "sentimentalismo tupiniquim", José Sarney usou seu site na internet para lamentar a perda do grande amigo Leônidas. O poeta maranhense proclamou que Leônidas foi "o último dos grandes chefes militares que tomaram parte nos acontecimentos centrais da História do Brasil na última metade do século passado". Sarney mandou publicar: "Foi um grande soldado, um profissional exemplar, com virtudes patrióticas e morais que o fizeram uma referência nas Forças Armadas. Sua participação na transição democrática foi decisiva e a ele devemos grande parte da extinção do militarismo — a agregação do poder militar ao poder político — no Brasil. Ele deu suporte a que transição fosse feita com as Forças Armadas e não contra as Forças Armadas. Pacificou o Exército e assegurou e garantiu o poder civil. Reconduziu os militares aos seus deveres profissionais, defendendo a implantação do regime democrático que floresceu depois de 1985".






Estamos sofrendo agora os efeitos daquela tal "democracia"... O gesto de Leônidas em favor de Sarney - acreditando que a decisão preservava as Forças Armadas, nem tão amadas pelo processo de guerra midiática que se acentuaria desde a campanha pelas eleições "Diretas, Já" - custou tão caro ao Brasil quanto outra decisão terrível: o chamado "golpe na revolução redendora de 1964", cometido em 13 de dezembro de 1968, com a decretação do desnecessário Ato Institucional número 5 (mais conhecido como AI-5). Foi um ato falho que vigorou por 10 anos, até 13 de outubro de 1978.






Voltemos ao Leônidas. Vale lembrar que foi Tancredo Neves quem o designou para ser seu Ministro do Exército. Após o falecimento de Tancredo, permaneceu à frente do Ministério durante os cinco anos do governo de José Sarney (1985-1990). Desenvolveu projetos como a FT-90 (Força Terrestre 1990), que permitiram a modernização do Exército Brasileiro, que dentre outras coisas adquiriu a sua Aviação. Isto foi coerente com a inteligência que o tinha levado a ser o primeiro colocado de sua turma na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Por tal mérito intelectual, Leônidas recebeu a Medalha Marechal Hermes de prata dourada com uma coroa.






Durante sua gestão, Leônidas tomou uma outra decisão histórica que custa muito cara às Forças Armadas no presente. Ele impediu a publicação do Projeto Orvil (livro ao contrário) que relataria, com provas documentais, todos os crimes cometidos pela chamada esquerda revolucionária e terrorista na História do Brasil, principalmente nas décadas de 70 e 80. Se tais relatos tivessem sido oficialmente publicados naquela época, muita polêmica inútil e mentiras fabricadas pelas Comissões da Verdade teriam sido, no mínimo, atenuadas.





O próprio Leônidas foi vítima do erro de ter censurado o ProjetoOrvil - hoje disponível na internet. Em dezembro de 2014, no relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), seu nome aparece como um dos responsabilizados por violações dos direitos humanos. No texto, a CNV lembra que, como chefe do Estado-Maior do I Exército na década de 1970, o General foi o chefe do Centro de Operações de Defesa Interna (CODI). Os revanchistas culpam Leônidas pelas ações violentas de repressão no âmbito da Operação Radar, contra o Partido Comunista Brasileiro (PCB), e do episódio conhecido como Massacre da Lapa, contra a cúpula dirigente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).






A História não perdoa aqueles que erram na estratégia... Os militares perderam a guerra ideológica, mas continuam vigorando, no inconsciente coletivo, como uma das mais admiradas e respeitadas instituições... basta ver as milhares de pessoas, nas redes sociais da internet, que cobram deles uma ação de parceria em uma "intervenção constitucional"...






Será que a morte de Leônidas servirá para que os militares entendam que não se pode cometer erro estratégico de avaliação na condução política?




Leia, abaixo, o artigo do Coronel Péricles da Cunha: Comandante ou Comissário? Diga não, Comandante!
Leia, também, de Geneton Moraes Neto: Anotações de um encontro com o General Leônidas
E leia, de Carlos I. S. Azambuja: Ação Libertadora Nacional






Mera coincidência











Importando criminosos?






O Palhasso do Planalto propagandeia que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou ontem que o governo vai ampliar a emissão de vistos em Porto Príncipe, capital do Haiti, para que imigrantes do país possam entrar no Brasil legalmente:






"Devemos enfrentar as organizações criminosas que trazem para o Brasil, explorando economicamente a necessidade de haitianos, um conjunto de pessoas que chegam debilitadas, sem saúde, com fome. O que é obviamente inaceitável do ponto de vista dos direitos humanos".






Só tem um probleminha com a importação dos haitianos: serviços de inteligência das Forças Armadas e agências de segurança transnacionais que monitoram o Brasil já sabem que muitos dos estrangeiros são profissionais na arte do crime e da guerrilha urbana.






Aqui no Brasil, servirão de "mão de obra" para as eficientes organizações criminosas, com intenções meramente operacionais ou até com intenções políticas, como uma espécie de "exército revolucionário"... 






Caímos da bicicreta











A bicicleta importada usada pela Presidenta é a Expeditio Sport Tubo Superior Baixo, da marca norte-americana Specialized. 






De 21 marchas, aro 26, é indicada tanto para pequenas voltas pela cidade, quanto para trilhas na natureza, custa R$ 2.899,00 - e não os R$ 45 mil que uma fonte equivocada do Alerta Total proclamou.






A mesma bicicleta Aluminum Sport, da marca Caloi, com idêntico aro e marchas que a da Dilma, sai por uns de R$ 600,00.






Como caímos da bicreta, embarcando de carona na informação bicicretina e falsa, pedimos desculpas aos leitores e vamos saindo de fininho, de moto, para a fuga ser mais rápida e menos vergonhosa...






Tem culpa Lula?











Arrumem tudo











Colabore com o Alerta Total






Neste momento em que estruturamos mudanças para melhor no Alerta Total, que coincide com uma brutal crise econômica, reforçamos os pedidos de ajuda financeira para a sobrevivência e avanço do projeto.






Os leitores, amigos e admiradores que quiserem colaborar financeiramente conosco poderão fazê-lo de várias formas, com qualquer quantia, e com uma periodicidade compatível com suas possibilidades.

Nos botões do lado direito deste site, temos as seguintes opções:

I) Depósito em Conta Corrente no Banco do Brasil. Agência 4209-9, C/C: 9042-5, em favor de Jorge Serrão.

OBS) Valores até R$ 9.999,00 não precisam identificar quem faz o depósito; R$ 10 mil ou mais, sim.

II) Depósito no sistema PagSeguro, da UOL, utilizando-se diferentes formas (débito automático ou cartão de crédito).

III) Depósito no sistema PayPal, para doações feitas no Brasil ou no exterior.






Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!





O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos. 

A transcrição ou copia dos textos publicados neste blog é livre. Em nome da ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação sejam identificadas. Nada custa um aviso sobre a livre publicação, para nosso simples conhecimento.

© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 5 de Junho de 2015.



Posted: 05 Jun 2015 04:23 AM PDT








Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Carlos Maurício Mantiqueira

A Anta um susto tomou; o gringo caiu da magrela e se quebrou.






Se quebra a pata também, já não manda em mais ninguém.






E quando o vampiro lhe passar a manta, de fuças cairá na lama e não mais se levantará.






Na esperança de se aprumar, se olvida da regra antiga: mais vale rio correndo pro mar que marcos de pescadores já dispostos a fisgar.






Fosse ela jamanta, teria empenado o chassi.






"É tempo de murici, cada um cuide de si".






Tropicão lhe será fatal; também pro barba bola murcha e pro lobo em maus lençóis.






Diga agora molusco: "É eles o nóis!".






O tal de efebeais o fará dizer só "Ais!"









Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador.




Posted: 05 Jun 2015 04:22 AM PDT








"O Exército Brasileiro corresponde a um corte vertical na sociedade brasileira", General Villas Bôas. (A entrevista do General Villas Bôas à Revista do Clube Militar I)






Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Péricles da Cunha 






Escrevi dois textos sobre o nosso novo comandante, general Villas Bôas: "Novo Comandante: gerações, missões" e "Comandante ou comissário? COMANDANTE!". E os divulguei, através de e-mails postados em 18 e 27 de janeiro, deste ano de 2015, respectivamente.






Como registrei, logo no início do primeiro e-mail (Novo Comandante: gerações, missões), a impressão que o general Villas Bôas me deixou foi a melhor possível. Alertava para que não caísse na armadilha da Esquerda de querer dividir o nosso Exército entre os comprometidos com a Revolução de 1964 (na qual me incluo, AMAN/1963) e as novas gerações (nas quais ele se inclui, AMAN/1973), taxando estes como "militares modernos" e aqueles como "militares carrancudos e autoritários", como fez na entrevista ao jornal Zero Hora (24/1/2015, pág.8). 






E salientava que esta semente da cizânia, plantada lá atrás, não poderia se transformar em cultura, pois a força do nosso Exército vem da unidade que sempre existiu entre a Ativa e a Reserva. Alertava que o pior que poderia acontecer seria o general "se contaminar com aquela cultura do deslumbramento que predomina no Partido dos Trabalhadores e que leva a achar que tudo que agrada aconteceu depois que eles chegaram ao poder e, o resto, é a herança maldita dos séculos que ficaram para trás, desde que Cabral aqui aportou", que o que precisávamos era de um COMANDANTE (com todas as letras maiúsculas).






Concluía lembrando que "isso somente seria possível se conduzido por alguém que venha para ser o nosso comandante e não o comissário de um partido que nos vê como óbice ao seu projeto de se perenizar no poder" e pedindo "a Deus que o general Villas Bôas reflita sobre isso e que tenha todo o sucesso, pois dele dependerá o futuro do nosso Exército".






No dia 31 de março, o CMS comemorou a Revolução de 64 e, depois de sentir o clima e ouvir dois pronunciamentos do seu comandante reportei aos meus correspondentes a minha convicção de que existe perfeita sintonia entre os nossos chefes e que o que o general Mourão passou foram recados do próprio Exército.






No dia 19/4, aproveitando o canal Reserva Proativa, cumprimentei o General Villas Bôas pelo seu pronunciamento sobre o Dia do Exército, "pela ênfase dada sobre a existência de um exército que se orgulha do seu passado". "Uma nova força terrestre para o mesmo exército, sempre democrático, apartidário, inteiramente dedicado ao serviço da nação". "Uma nova força terrestre para o mesmo exército, sempre orgulhoso da sua história e apegado aos valores que o sustentam e lhe dão coesão". "Os desafios são nossos, os valores são os mesmos, desde Guararapes".






Agora, a entrevista, na Revista do Clube Militar, deixa-me em dúvida se o General Villas Bôas é o nosso comandante ou o comissário político para garantir o controle da força terrestre. E o que me leva a esta dúvida foi a abordagem que fez sobre variáveis dominantes que ditarão o futuro para o nosso Exército.






Vou me ater àquelas que impactam diretamente sobre a carreira militar cuja valorização passa por um correto diagnóstico e que deve ser tratada de forma prioritária para que tenhamos um grande exército.






O General Villas Bôas faz um diagnóstico equivocado quando prega que o "Exército Brasileiro corresponde a um corte vertical na sociedade brasileira". Correspondia, mas não mais, há muito tempo. E aqui está o problema maior (muito maior do que o reequipamento) que só se agrava sem que se vislumbre o seu equacionamento que somente se iniciará com um correto diagnóstico.






O Exército deixou a muito tempo de ser um corte vertical na sociedade brasileira. E a causa não está no revanchismo, mas, entre outras, na cultura da cota de sacrifício que nos impuseram, desde 1964, que acabou sendo consolidada na CF/88 e que nos transformou nos primos pobres do Estado brasileiro. Qualquer dúvida, basta recorrer às estatísticas da AMAN onde constam os dados sobre a origem dos cadetes.






Faça-se um corte vertical no perfil do Exército e se constatará que não corresponde ao da sociedade. O sucesso que tivemos em 1964 não se deveu aos equipamentos, mas a completa projeção, no Exército, do corte vertical na sociedade brasileira o que fez o Exército pulsar na mesma frequência da sociedade. A perfeita identidade entre as lideranças civis e militares, pela convivência nos mesmos ambientes, desde os bancos escolares.






E deveria ser prioridade da gestão do novo comandante a correção desta distorção. Somente a valorização da carreira militar poderá voltar a reproduzir, no Exército, o corte vertical da sociedade.






A sensação que passa o General Villas Bôas, ao abordar tema importante para a valorização da carreira militar, como remuneração e evasão de militares de carreira é de que, passa longe do estoicismo dos nossos antigos chefes que diante do objetivo maior (o sucesso da Revolução de 64) nos impuseram a cota de sacrifício que até hoje nos arde no lombo.






Sente-se, nas respostas do Comandante do Exército, a intenção de não mostrar os graves problemas que o Exército enfrenta e o que espanta é que a realidade está sendo escamoteada para o público interno, alvo da Revista do Clube Militar.






Perguntado sobre a remuneração dos militares, como reverter as graves distorções e desequilíbrios existentes nos vencimentos do funcionalismo público que mantém os militares na vergonhosa posição de primos pobres da República, o general saiu pela tangente, alegando que o "tema está sendo estudado" e que será levado ao MD "para que elabore uma estratégia no sentido de reverter esse quadro". "Estudado" está sendo há décadas, mas sem determinação e força política, vai continuar rendendo migalhas quando exige mudanças estruturais.






Entra ano e sai ano e a conversa é sempre a mesma. Segundo o general Synésio, fonte da Revista do Clube Militar, "a degradação salarial dos militares federais foi progressiva, inexorável" sendo que no período de 2003 a 2014 , o salário médio dos militares federais, frente à categoria com a menor remuneração média no serviço público federal, sofreu um decrescimento de cerca de 50%. Sem determinação e força política não se arranca nada deste governo de sindicalistas, acostumados a ceder só com a pressão.






Aliás, acho que isto pode ser constatado (falta de determinação e força política) quando se vê a resposta dada pelo Comandante do Exército ao preocupante aumento da taxa de evasão de militares de carreira: "Esses dados ocorrem ciclicamente com maior ou menor incidência e estão associados a aspectos econômicos conjunturais do País ou a alguma oportunidade inusitada na vida civil que se cria para uma determinada especialidade", "não se pode afirmar categoricamente que a saída desse pessoal signifique uma insatisfação ou desalento com a vida militar".






Que devido à ótima formação dos oficiais do Exército, "tornam-se extremamente atraentes para o exercício de funções da iniciativa privada e candidatos muito competitivos nos cargos oferecidos nos melhores concursos públicos". E arrematou: "a saída precoce desse pessoal, ao menos nos assegura, favoravelmente, a disseminação da imagem e da reputação do Exército por novos ambientes da sociedade brasileira, conduzindo e divulgando os valores da Força, e contribuindo, de forma indireta, para a missão de cooperar com o desenvolvimento do País".






Um exemplo acabado para "a hipocrisia que esconde a realidade com o seu manto de deboche", parafraseando o general Synésio, ao traduzir a indignação dos militares com a inação dos chefes contra a degradação salarial, um dos fatores dominantes da perda de atratividade da carreira militar, em e-mail recentemente divulgado. Porque não é missão do Exército formar quadros para a iniciativa privada ou preparar candidatos competitivos para os melhores concursos públicos. Porque é sabido que a evasão é provocada pela deterioração da carreira militar que deixou de ser atraente por uma série de razões, de todos conhecidas, mas que são escamoteadas por aqueles que estão na zona de conforto, aqueles que formam a "cultura de contentamento" que envolve e mantém o poder.






Com estas justificativas chapa branca chego a conclusão que o general Villas Bôas não está sintonizado com os nossos anseios e demandas e vai acabar abrindo espaço para que outros se levantem para lutar pelos interesses dos seus comandados. Que seja o nosso COMANDANTE, sempre foi o meu desejo, pois o nosso Exército não suportaria ser tutelado por um comissário político de um partido que está ameaçando o nosso futuro com a deseducação e a corrupção. 






Estamos ansiosos e saudosos de ouvir um sonoro e firme NÃO da boca do nosso comandante, para uma série de absurdos que estão acontecendo. (Há quanto tempo não ouvimos um NÃO da boca de um dos nossos comandantes?)





Péricles da Cunha é Coronel na reserva do EB.



Posted: 05 Jun 2015 04:20 AM PDT





Dossiê Globo News com Leônidas Pires






Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Geneton Moraes Neto






O general Leônidas Pires Gonçalves morreu hoje, aos 94 anos de idade. Gravei com ele para o Dossiê Globonews uma entrevista que deu o que falar, porque o general, ministro do Exército do primeiro governo civil depois da ditadura, manifestou posições duras, para dizer o mínimo. Disse, por exemplo, que o Brasil não teve exilados - mas "fugitivos". E assim por diante.






(Tentei cumprir, ali, o papel de repórter: o de tentar levar ao público "diferentes visões do mundo" - sem exercer "patrulhagem ideológica" sobre o entrevistado. Nem sempre é fácil. Diante do general, fiz o que fiz diante de ex-guerrilheiros - per exemplo: perguntas. Ponto. Que outra coisa um repórter pode fazer?).






Um detalhe curioso: o general só aceitou dar entrevista depois da terceira tentativa. A princípio, relutou, disse que já tinha falado antes, mas insisti, apelei para a vaidade do possível entrevistado: disse que seria importante que ele contasse, com detalhes, o que aconteceu na noite em que o presidente eleito Tancredo Neves foi internado às pressas num hospital de Brasília, na véspera da posse. O general, como se sabe, se aproximou de uma roda de políticos que discutiam, no hospital, quem deveria tomar posse: se o vice-presidente José Sarney ou se o presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães.

Ainda no telefone, Leônidas contou que o debate entre os políticos se encerrou quando ele disse que não havia o que discutir: pela Constituição, Sarney deveria assumir. (tal interpretação não era unânime entre os políticos ali presentes. O senador Pedro Simon, por exemplo, achava que quem deveria assumir era Ulysses, na condição de presidente da Câmara. Se Tancredo não iria tomar posse, o vice também não poderia). Dali, o general ligaria para José Sarney, já de madrugada. Quando notou que Sarney relutava em assumir o posto, Leônidas cortou a conversa algo bruscamente. Disse ao relutante Sarney que já havia problemas demais a serem resolvidos. Pronunciou, então, a frase que Sarney, tempos depois, disse que iria usar como título de um livro de memórias até hoje não publicado: "Boa noite, Presidente".

Em suma: Leônidas terminou cedendo ao meu argumento de que valeria a pena gravar ali, em 2010, uma entrevista sobre os vinte anos do fim do regime militar. Um dia antes da gravação, liguei para o general, para confirmar. Leônidas reagiu: "Você se esqueceu de que combinou com um milico! Se eu disse que é amanhã às cinco da tarde, vai ser amanhã às cinco da tarde!".






Depois, tivemos algumas conversas por telefone - e alguns encontros casuais, pelas ruas do Leblon.






Nem faz tanto tempo, encontrei com o general no corredor do shopping Vitrine do Leblon, na avenida Ataulfo de Paiva. O general morava perto dali. Era um final de manhã. Estava sozinho. Caminhava com uma firmeza surpreendente para um nonagenário. Conversou comigo, animado.


Fiz umas anotações assim que cheguei em casa. Dou uma checada agora: o encontro foi no dia cinco de junho de 2014 - há exatamente um ano, portanto.






Palavras textuais do general - numa conversa que, obviamente, não era uma entrevista:






"Tive o mesmo professor de Luís Carlos Prestes. E ele me disse: "Aquele foi o aluno mais brilhante que já tive". Eu digo que Prestes é o herói sem vitória. Tudo em que ele entrou deu errado".






"Veja Lula: lá no Rio Grande do Sul, se usa a palavra ladino - é mais do que sabido. É ladino!".






"E essa história do mensalão? Sempre houve compra de voto. Você acha que não houve compra de voto para a eleição de Fernando Henrique? Mas sempre foi pontual. A diferença é que, com o mensalão, foi sistemático".






"Falam da espionagem dos EUA. Todo mundo faz - inclusive a gente!".






"Sua virulência intelectual é igual à minha! Igual ! Igual !. E eu até brinquei na entrevista: disse que você tinha um laivozinho de esquerda..."






"Devo ter recebido uns 400 telefonemas por causa da entrevista. E sabe quantas vezes reprisaram? Umas cem. Você tem a estatística oficial?" (aqui, o general exagera no número de reprises da entrevista).











"Noventa e três anos - e com a memória de vinte anos atrás! E mais: três vezes por semana, vou para a Academia".






Aproveitei para perguntar se o Alto Comando indicava informalmente ao Presidente da República um nome de militar que deva ser promovido: "Não. Porque, ali, todo mundo quer. É tudo candidato! Fernando Collor me procurou em casa, depois de eleito. Queria saber se eu indicava um nome. Eu disse que não. Mas poderia citar três".






"Disse a um amigo que tinha encontrado com você num restaurante. Perguntaram se a gente tinha conversado. E eu: "Não, porque as meninas tomaram a cena!". Lembranças a elas!". (aqui, o general se refere a duas crianças que "participaram" de outro encontro casual com ele).






Por fim: faz três meses, voltei a ligar para o general. Propus a gravação de uma reportagem em que ele dialogaria com um ex-guerrilheiro. Poderia ser um diálogo importante: tanto tempo depois, personagens com visões radicalmente opostas poderiam debater, civilizadamente, os chamados "anos de chumbo".






O general disse que preferia não participar do programa, mas, ainda assim, perguntou quem seria o ex-guerrilheiro convidado para a reportagem. Pareceu-me levemente tentado a aceitar o convite. Eu disse a ele que poderia ser, quem sabe?, Cid Benjamin - um dos participantes do sequestro do embaixador americano. Citei na hora o nome de Cid Benjamin - com quem tinha feito, igualmente, uma entrevista para o Dossiê Globonews.






O general comentou: "Vou dizer uma coisa que você não sabe: ele foi prisioneiro meu" .Disse-me que tinha lembrança de ter visto a mãe de Cid e César Benjamin - bem jovens à época da guerrilha - preocupada com os filhos. "Eram meninos!". 






O general aproveitou para fazer uma tese de inesperado teor psicanalítico: achava que os dois tinham entrado para a luta armada provavelmente porque eram filhos de pais separados. Tempos depois, comentei com o próprio Cid o que tinha ouvido do general Leônidas. Cid riu, divertido, com a investida psicanalítica do general.






Leônidas Pires disse que iria sondar amigos, para ver se algum toparia participar de um possível diálogo com um ex-guerrilheiro. 







Não voltamos a nos falar.








Geneton Moraes Neto é Jornalista. Autor de livros-reportagem como "Dossiê Brasília : os Segredos dos Presidentes" e "Dossiê Drummond", Geneton Moraes Neto (Recife,1956) trabalha na TV Globo/Rio. Quando entrevista um personagem, faz, a si mesmo, a pergunta sugerida por um editor inglês: "Por que será que estes bastardos estão mentindo para mim?". É a fórmula ideal do jornalismo. Originalmente publicado no G1 em 4 de junho de 2015.




Posted: 05 Jun 2015 04:18 AM PDT








Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Laércio Laurelli






Você acha que só está faltando água e luz no Brasil? Não, também falta segurança, educação e, principalmente, saúde, que por descaso, leva à morte milhares de pessoas nos corredores dos hospitais públicos. 






Será que é falta de dinheiro nos cofres do governo para investir no país? claro que não! Segundo o impostômetro, só no mês de janeiro de 2015, o brasileiro já pagou de tributos mais de 210 bilhões de reais. 






Sabe o que realmente está faltando no Brasil? 






Faltam políticos honestos que não vendam seus ideais em troca de financiamento de campanha, que não barganhem o futuro da nação para obter benefícios pessoais. 






Empresas éticas que não aceitem pagar propina. E leis severas que acabem de vez com a impunidade.






Falta à sociedade, que outrora foi às ruas para exaltar: "oh, o povo acordou"... Sair novamente do sono profundo e cobrar de volta os bilhões desviados que foram parar nos paraísos fiscais e os presentes dados graciosamente aos países coligados a corrupção do governo federal.






Falta memória, porque em 1988, o roqueiro cazuza, já cantava a desilusão com a corrupção brasileira. vinte e seis anos se passaram e está canção continua mais atual do nunca.






"Brasil / mostra tua cara / quero ver quem paga / pra gente ficar assim?" 






Só não podemos deixar que falte "coragem" para mudar e reestabelecer a ordem e progresso, que consta na nossa amada bandeira brasileira. 






Chega de tanta desordem e retrocesso! Reaja brasil, o povo tem condições de mudar a história!









Laércio Laurelli, Desembargador, é apresentador do Programa Direito e Justiça em Foco, da Rede Gospel.




Posted: 05 Jun 2015 04:17 AM PDT








Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Rogério Medeiros Garcia de Lima






Nasci em São João del-Rei, onde são cultivadas seculares tradições religiosas e se realizam piedosas procissões durante a Semana Santa e outras datas santificadas. Os sanjoanenses são profundamente católicos.






Uma das grandes lembranças de minha infância, na terra natal, foi a sagração do bispo conterrâneo Dom Lucas Moreira Neves. O Largo do Rosário estava apinhado de eclesiásticos. Compunha bela paisagem purpúrea. Nunca apaguei da memória a solene e concorrida celebração. Sou privilegiado por ter assistido ao despontar de um dos maiores prelados da Igreja Católica. Poucos religiosos brasileiros galgaram tão altos cargos na hierarquia do Vaticano.






Eram imperdíveis suas crônicas, publicadas pelo Jornal do Brasil e posteriormente compiladas no livro Memorial de Fogo e Outras Crônicas (Editora Record, 2000). Membro da Academia Brasileira de Letras, Dom Lucas era arguto pensador e primoroso escritor. O ensaio Memorial de Fogo discorre sobre a descoberta de Deus pelo filósofo e matemático Blaise Pascal.






É texto lapidar: "Não se descobre impunemente este Deus pessoal, que irrompe na história da humanidade e na pobre história de cada um; este Deus capaz de nascer sob forma de criança indefesa, capaz da amar, de morrer; este Deus que merece o nome de Emanu-El, Deus conosco. Quem O descobre, onde e como for, só tem um anseio: o de comunicá-lo".






É difícil sustentar a fé. Somos extremamente vulneráveis às tentações mundanas. Os primeiros cristãos, porque pregavam a justiça e a fraternidade, sofreram perseguições e massacres dos poderosos de então.






Tortuoso também é o caminho daqueles que cultivam a fé política. Sir Bertrand Russel, um dos maiores filósofos do século 20, escreveu o famoso ensaio Caminhos para a liberdade (Companhia Editora Nacional, 1955). Segundo Russel, desde Platão os pensadores formulam utopias e preconizam o mundo ideal para mitigar os sofrimentos do homem. O objetivo desses homens notáveis não é o progresso pessoal.






Expressam a esperança de pensadores solitários, enquanto a maioria dos seres humanos passa pela vida sem se preocupar com o sofrimento dos semelhantes. Os líderes políticos, que buscam pôr em prática as idéias desses filósofos, são igualmente solitários. Quase sempre as massas de indivíduos os ignoram, pois estão sufocadas pela labuta diária e temem represálias dos detentores do poder.






Da mesma maneira, a utopia da Justiça requer pessoas de fé. No mundo contemporâneo, a fé jurídica exige alta dose de coragem. Vivemos o apogeu do individualismo, apregoado pelos neoliberais. É verdade que o pensador francês Alain Touraine proclamou já ser hora de eleger como prioridade sair do liberalismo, e não ingressar nele. Deveria ser prioritária a reconstrução do sistema político, com o abandono da perigosa idéia de que os mercados podem regular a si mesmos. O desemprego em massa, a queda do nível de vida para muitos e o aumento das desigualdades, não são apenas variáveis econômicas. São sobretudo vidas e sofrimentos, conclui Touraine.






No entanto, pensadores e juristas dotados de visão social são desqualificados como "neobobos", ultrapassados e descompromissados com a "governabilidade" do país. A consciência da justiça social é retribuída com achincalhe.






O ministro Ruy Rosado de Aguiar, lúcida voz no Superior Tribunal de Justiça, sustentou não poderem os juízes desenvolver atividade discricionária e neutra. Deverão atuar inspirados pelas regras e princípios adotados, implícita ou explicitamente, pelo sistema jurídico do Estado Democrático de Direito.






A Constituição de 1988 espera dos julgadores, aos quais garante independência institucional e funcional, a utilização da liberdade de julgar para a realização dos valores por ela abraçados. Por isso, todo magistrado tem responsabilidade social.






O saudoso filósofo, jurista e político André Franco Montoro, assinalava o intento de se construir um mundo sem ética. Todavia, essa ilusão se transforma em desespero. No campo do direito, da economia, da política, da ciência e da tecnologia, as grandes expectativas de um sucesso pretensamente neutro, alheio aos valores éticos e humanos, têm resultado desalentador e muitas vezes trágico.






A caminhada é árdua, mas os cidadãos e a comunidade jurídica não podemos esmorecer. Sempre recordemos a máxima de Fiódor Dostoiévski, no clássico romance Os Irmãos Karamázovi: "Crê até o fim, mesmo que todos os homens se hajam desviado e tenhas ficado fiel sozinho; leva então tua oferenda e louva a Deus, por teres sido o único a manter a fé".









Rogério Medeiros Garcia de Lima (Desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Doutor em Direito Administrativo pela UFMG e professor universitário; artigo publicado pelo jornal Decisão, Belo Horizonte, Associação dos Magistrados Mineiros, abril de 2005, p. 14, e Revista da Academia de Letras de São João del-Rei, São João del-Rei-MG, Ano III, nº 3, 2009, pp. 229-230).




Posted: 05 Jun 2015 04:16 AM PDT








Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Carlos Henrique Abrão






Na pauta do dia a redução da maioridade penal e o fogo cruzado que o embate, por si só, desassossega a muitos notadamente ao governo. Enquanto nos Países Nórdicos as cadeias estão vazias, algumas nações exportam presos para cumprirem suas penas naquelas regiões. No Brasil, como sempre, a mesma discussão, idêntico debate, e a requentada matéria sobre a lotação dos presídios e o futuro da sociedade enjaulada.






Em primeiro lugar, cadeia não recupera ninguém. Somente cinco por cento saem para uma vida normal, ao passo que 95% voltam para delinquir, e poderia ser justamente o contrário se baníssemos as cadeias e puséssemos os presos em presídios rurais, distantes das cidades e lhes déssemos algum curso técnico e mínima cultura.






No entanto, o governo não tem uma política pública para recuperação dos presos. Uma maioria que aguarda o julgamento ou o sentenciamento por detrás das grades. Em relação aos menores, exceto nos crimes hediondos, contra a vida, que envolvam violência, contra os costumes, defendemos a tese de que diminuir a idade penal não é sinal de avanço mas de puro retrocesso.






Menores infratores e delinquentes têm toda uma retrospectiva e para tanto quando cometem crimes de natureza grave, a primeira coisa a fazer é um estudo e depois segregação por, no mínimo, dois anos. Decorrido o tempo de regime fechado e custodiado é tempo de ser feita uma reavaliação, de bom procedimento e não apenas superficial.






Se ele não apresenta condições de voltar ao convívio da sociedade, deve-se mantê-lo em prisão rural e trabalhando com tornozeleira, e ainda reduzir a idade para o serviço militar obrigatório.






Devemos trabalhar rapidamente a idéia do mundo desenvolvido no sentido da descarcerização. A cadeia é apenas um amontoado de pessoas que não são ressocializadas mas que cultuam a violência e o prazer de delinquir. Não questionamos os presídios abertos, mas sim a construção de






locais prisionais nas áreas rurais, pois que uma boa parte teria condições de voltar ao convívio e aquela comprometida com o mundo do crime restaria afastada da civilização. O gasto no País com a superpolução chega a bilhões além do famigerado auxilio reclusão que deve ser extinto e pago à familia da vítima. 






Notadamente os vícios do sistema prisional são seculares e não foram e nem serão corrigidos com a mera reforma do código penal, do código de processo penal ou da lei de execução penal. Necessitamos de uma sociedade mais justa, de pleno emprego, e de uma visão mais de futuro do que propriamente de vingança e punição.






Superlotados os cárceres não absorvem ou diminuem os crimes violentos ou a paixão pela deliquencia. São causas complexas que envolvem problemas estruturais e de grande trato, certamente anos de estudo. Toda e qualquer sociedade que se alimenta de presídios - e basta viajar pelo Estado de São Paulo - que observaremos cana de açúcar de um lado, agora menos intensa e cana doutro, cadeia.






Os governos estadual e federal dispendem mais de 50 bilhões ao ano. Essa verba poderia ser utilizada em escolas técnicas para treinamentos de presos e profissionalização. Se mantivermos apenas dez por cento dos presos nas cadeias, aqueles irrecuperáveis ou de difícil recuperação, começaremos a dar os primeiros passos para olharmos de frente o objetivo da sociedade civil, do parlamento e do governo de distribuir mais e melhor a renda e não construção de masmorras e muralhas que obstaculizam as luzes e representam as trevas de qualquer País desenvolvido.






O Brasil precisa acordar para esse grave problema antes que as organizações e facções criminosas, já bem estruturadas, passem a treinar os menores para as nobres funções de aliciamento junto ao caminho do bandidismo. Seu maior aliado é a corrupção que mata a esperança de uma Nação consciente dos seus deveres institucionais.









Carlos Henrique Abrão, Doutor em Direito pela USP com Especialização em Paris é Desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo.




Posted: 05 Jun 2015 04:15 AM PDT








"O corrupto é, em princípio, incorruptível. Nem todos, alguns são meramente corruptos por esporte, digamos; outros, todavia, aderem à corrupção com tal paixão que por dinheiro algum se tornariam honestos, levam a fidelidade à corrupção ao grau sublime do sacrifício pessoal da carreira, senão do martírio." (Fabio Herrmann).






"O político corrupto – corruptor ou corrompido – já está sendo comparado ao tarado da anedota: é simplesmente um homem normal apanhado em flagrante." (Joelmir Beting)






Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Waldo Luiz Viana






Os estudiosos de Astrologia dizem que a passagem de Plutão sobre Capricórnio (janeiro de 2008 a novembro de 2024) geraria um clímax de destruição sobre as estruturas antigas da administração pública dos países, bem como uma focalização inédita no problema da corrupção. Não ficaria pedra sobre pedra nesse movimento astral, gerando – segundo eles – a movimentação das nações rumo ao resgate da justiça e de padrões aceitáveis de exação no trato do dinheiro público.






Ou seja, os povos diriam "não à corrupção" de maneira explícita e inaudita. Mesmo aqueles que desacreditam dos estudos astrológicos, não podem negar que temos vivido um período singular em que o clamor contra as injustiças e desigualdades vem privilegiando a investigação da corrupção em termos planetários.






Tudo está sendo revolvido e parece que estamos apenas no começo do processo. No Brasil, vítima da corrupção, do cartorialismo e patrimonialismo desde os tempos coloniais, temos visto uma perseguição especial contra os corruptos instalados na vida política e empresarial como jamais se viu.






Mesmo que os vitimados por investigações e processos digam que isso sempre existiu e seus advogados argumentem que não se instala um paralelepípedo numa rua sem que se pague propina a alguém – o "negócio" ficou socialmente insuportável, porque deixou de ser corrupção isolada para ser sistêmica e quase que, hipocritamente, programa de governo e pretexto para permanência no poder.






A despeito de os malandros imaginarem, com os punhos erguidos, que "roubaram por uma boa causa", parece que inadvertidamente isso não cola mais para a maioria da população.






É claro que os de cima influenciam os que estão em baixo, a ponto de políticos, autoridades e ricos empresários darem mau exemplo que se estende até os pequenos atos e eventos da sociedade como um todo. Já se disse, na historiografia tradicional, que nosso povo é cordial, ou seja, age pelo coração, sendo hospitaleiro e alegre. Nada, porém, mais falso e preconceituoso.






O povo brasileiro, na verdade, é ambicioso e violento, como qualquer outro, aproveitando inclusive a sua ancestralidade portuguesa (escravizadora de índios e negros). Aliás, fomos o último povo da Terra a abolir a escravidão, um recorde vergonhoso em nossa História, como tantos outros, vexatórios...






A maioria tem uma compreensão dialética da corrupção: enquanto na superfície, ao nível dos protestos e da mídia, deplora os malfeitos dos corruptos, no fundo, bem ao nível inconsciente, admira a capacidade dos desonestos em driblar as lentas instituições de auditoria e justiça.






A vã psicologia deteve-se muito pouco sobre o complexo problema, preferindo alinhar a tendência à corrupção a uma manifestação simples de desleixo moral. Não temos inclusive escolas de psicopatologia a enquadrar esse comportamento como distúrbio anormal.






Na verdade, temos que concordar que os corruptos – corruptores e corrompidos – são pessoas normais que em nada diferem dos homens ordinários que nos rodeiam. Apenas regem a própria conduta por uma ambição insaciável por dinheiro, bens e bem-estar, além de darem especial atenção ao reconhecimento social, mesmo que obtido pela ausência de escrúpulos e princípios morais.






A pirâmide de Maslow alinhou no topo das necessidades humanas a autoestima e a realização pessoal. Esses são valores sacralizados pelos corruptos. Eles querem oferecer ao meio em que vivem a demonstração de que prosperaram na vida, ficaram ricos e colecionaram bens. A maioria dos corruptos realizados são homens e velhos (não necessariamente em ordem cumulativa), mas há mulheres também capazes de se dedicar à fervorosa prática. Se no mundo existem praticamente 85 arquibilionários, que caberiam num avião a jato e que detêm 45% da renda mundial, sabemos também que essa mentalidade concentradora se espraia com toda a naturalidade pelos ricos do andar de baixo e outros personagens, afeitos à busca da riqueza a qualquer preço, mesmo que esta contrarie a lei e os bons costumes.






No entanto, como estamos vendo com assiduidade, tal onda civilizacional passou neste século XXI a colidir com princípios morais livremente escolhidos pelas instituições da sociedade ocidental e cristã. Os povos estão acordando para os prejuízos que estão sofrendo, a miséria e a fome atacando a maioria, em favor de alguns poucos abonados pela sorte.






Neste país, de voto obrigatório e foro privilegiado, temos elites que consideram que o dinheiro público não é de ninguém e que oligarcas e plutocratas financeiros podem se coligar em clubes para fraudar concorrências públicas, superfaturar contratos e lavar dinheiro.






Hoje, constatamos como rotina as expressões corrupção assustadora, propinas e malfeitos, lavagem de dinheiro, prisões preventivas, delações premiadas, operações da Polícia Federal e da Receita, investigações de CPIs e do Judiciário – envolvendo a opinião pública num clima de fim de mundo, em que os corruptos negam tudo, são sempre inocentes (até prova em contrário) e nunca sabem de nada.






E o brasileiro descrente e normal acha que na verdade "tudo acabará em pizza", porque os chefes da corrupção jamais serão apanhados.






Nesse sentido, ainda no colo da normalidade e mediante a lentidão da Justiça, os processos viram novelas, com capítulos estratificados e que, pela rotina, começam a cansar a todos. Afinal de contas, o povo narcotizado pela mídia deseja sempre a próxima atração...






Por outro lado, os corruptos presos ou flagrados, porque seres absolutamente normais, ficam deprimidos e doentes por ficarem encarcerados. Não acreditavam, do mesmo modo que Al Capone na Chicago dos anos 1930, que veriam vergonhosamente o sol nascer quadrado. Porque esse seria o destino da rama da sociedade, dos pobres que sempre são vítimas do aparato policial-judiciário. Eles não! Isso absolutamente não é normal!






Embora pagar advogados caros seja uma espécie de distribuição de renda perversa, para eles é horrível o cárcere, porque não roubaram pensando em ser apanhados, mas confiando em que os bens acumulados assegurariam a feliz impunidade. E isso porque as brechas da lei, no Brasil, estão sempre á disposição dos mais ricos e prósperos.






No entanto, infelizmente para os corruptos, as coisas não se passam mais assim, em nossa grandiosa nação. Os reis inatingíveis estão ficando nus, embora as lentas aplicações de punição favoreçam os escapes da cadeia, a liberdade condicional e possíveis fruições dos haveres acumulados no exterior, bem longe do primitivo Brasil.






Vivemos então em pleno período anormal em que os corruptos normais estão vivendo verdadeiro inferno astral. Que coisa terrível para eles! Onde isso vai parar, meu Deus?






A corrupção no Brasil é coisa normal e quase inevitável. Como já disse o professor Ladislau Dowbor, a partir de certo nível, a corrupção exige que todos sejam corruptos. Quem se recusa é alvo de pressões insustentáveis. É um processo de seleção negativa – como afirmou o ilustre economista.






Mas, como num passe de mágica, os edifícios corruptos estão desmoronando como num castelo de cartas. A sociedade não está mais aceitando a "normalidade dos corruptos" e nos parece que essa é uma tendência universal, anormal, talvez apocalíptica. E em matéria de fim dos tempos, prefiro acreditar nas profecias da religião e astrologia.






Serei um cara normal?









Waldo Luís Viana é Escritor, economista e poeta. E não aceita propinas, só sugestões...




Posted: 05 Jun 2015 04:13 AM PDT








Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Nivaldo Cordeiro






Alguém poderia me ter perguntado, ao ler meu artigo Os três eixos da revolução brasileira: e a economia, estúpido? Como se faz revolução sem mexer nas bases econômicas? Eu responderia como faria o meu amigo Martim Vasques da Cunha: não é a economia, mas a literatura que é relevante, estúpido!






O arranjo econômico se faz por gravidade ou inércia da revolução anteriormente analisada. É claro que os revolucionários que tomaram o poder no Brasil mexeram profundamente no sistema econômico e essa será talvez a principal causa da grave crise que está em curso.






Há uma tendência economicista para fazer uma falsa classificação de uma sociedade, que é só considerar comunistas aqueles países onde a propriedade foi estatizada (historicamente isso nunca ocorreu em 100%, sempre ficou um pedaço na "livre iniciativa" incentivada pelos membros do Partido Comunista).






Nem na China se vê isso, mas é bom que se diga que não há nem sociedade aberta e nem capitalismo estrito senso por lá, apenas uma forma de mercantilismo controlado pelo Estado. A tentativa do movimento comunista de estatizar tudo foi abandonada há muito tempo exatamente por causa da ausência do cálculo econômico e da má gerência típica dos coletivos. O que se fez foi elevar dramaticamente os impostos, impor um processo artificial de oligopolização e regulamentar tudo, de modo que qualquer atividade econômica está sujeita à mão esmagadora do Estado.






O efeito nefasto da regulação excessiva é visto facilmente naquelas atividades que passaram a depender de licenças do meio ambiente ou da Anvisa. Tudo ficou muito difícil e caro, gerando barreiras artificiais para a entrada de novos concorrentes no mercado. Isso está na raiz da escassez de água e de energia que ora vivemos.






Quando Fernando Henrique assumiu a Presidência da República, a carga tributária girava em torno de 25% do PIB e hoje está na casa dos 38%, mais o déficit. Os partidos socialistas controlam a economia por meio de seu controle sobre os grandes grupos econômicos, de um lado, e pela destruição acelerada da pequena burguesia, do outro. É facilmente verificável o que temos hoje: todos os setores econômicos foram oligopolizados e os pequenos comércios e indústrias foram destruídos, seja pela tributação, seja pela regulamentação.






Lula assumiu e botou o pé no acelerador da oligopolização ao instituir os chamados "campeões nacionais", setores financeiramente apoiados pelo BNDES, com recursos remunerados bem abaixo do mercado. Esses falsos "campeões" saíram comprando os concorrentes e verticalizando. O mercado de carnes de boi, porco e frango mostra isso à sobeja, por se tratar de um fenômeno recente.






A consequência dessa verticalização é que o preço ao produtor foi deprimido e o preço ao consumidor, majorado. Os lucros desses tais "campeões" não passam de um derivativo da outorga estatal e, por ser assim, estão sob o controle dos socialistas governantes. Vimos o que houve no mensalão e, agora, no petrolão. Os agentes políticos do PT colocaram a grande burguesia de joelhos, arrancando-lhe verbas bilionárias. Por pouco, não fizeram um golpe de Estado "branco", comprando o parlamento. 






Alguém denunciou e aí a coisa veio a público, a tempo de se dar um basta. É incorreto achar que a grande burguesia tem poder porque tem dinheiro. Os agentes políticos é que têm o poder e, por isso, se apropriam de dinheiro achacado dos empresários escravizados e das prebendas que ocupam na burocracia estatal. Essa é a dura realidade que vemos hoje.






Os esquerdistas têm ainda um propósito político prático com o patrocínio da oligopolização: a destruição da pequena burguesia que, em toda parte, é o esteio das ideias econômicas liberais. Os pequenos burgueses não dependem do Estado, desconfiam do Estado e sabem que o Estado lhes rouba.






A pequena burguesia foi substituída pelo grande número de funcionários públicos, a nova classe emergente com os altos salários patrocinados pelo PT. Vimos as remunerações nas estatais, como a Petrobras, em valores absurdos. Um gerente médio lá ganha mais do que um presidente de uma média empresa. Todas as chamadas carreiras de Estado estão regiamente remuneradas. Subir na vida no Brasil é ser aprovado em concurso público.






Eleitoralmente foi um desastre para as ideias liberais, pois o próprio processo de seleção no serviço público já é um filtro ideológico poderoso, bastando se ler os editais de concursos. Quem não está alinhado com o mainstream socialista simplesmente não consegue ser admitido em concurso, em qualquer área. Para ser um camarada dos agentes políticos é preciso rezar pela mesma cartilha de crenças deles.






Então podemos dizer que a revolução, nos três eixos apontados, logrou transformar também a economia no rumo do socialismo. A crise atual deriva disso, pois a super tributação impede a formação de poupança, a regulação impede a livre iniciativa e quem não entra nos esquemas de propinas dos agentes públicos não consegue sobreviver economicamente. Ou se é da nomenklatura ou se é da ralé que recebe bolsas. Sem as pequenas empresas empregos não podem ser gerados.






O ministro Joaquim Levy não está tentando reverter o quadro apavorante aqui descrito, mas apenas lhe dar consistência para uma sobrevida. Mas não conseguirá. Será preciso enfrentar os socialistas e vencê-los, para então desmontar o Estado mamute. Ou esperar que a crise complete seu trabalho destruidor.






Vai ser muito difícil viver nos próximos anos no Brasil.









Nivaldo Cordeiro é economista e empresário livreiro.




Posted: 05 Jun 2015 04:10 AM PDT








Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Carlos I.S. Azambuja






"O marxismo-leninismo deixou de ser uma ferramenta de transformação da história para tornar-se uma espécie de religião secularizada, defendida em sua ortodoxia pelos sacerdotes das escolas do partido e cujos princípios eram ensinados como dogmas inquestionáveis. No sistema educacional, a ortodoxia virou ortofonia (...) Em suma, em nome da mais revolucionária das teorias políticas surgidas na história, ensinava-se a não pensar" (Frei Beto, página 371 do seu livro "O Paraíso Perdido - Nos Bastidores do Socialismo", editora Geração Editorial, 1993).

A Conferência que constituiu a Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS) foi realizada em Havana em agosto de 1967 e dela participaram líderes revolucionários de todo o continente. Convidado, o Partido Comunista Brasileiro se recusou a enviar representante. No entanto, Carlos Marighela, membro do Comitê Central do PCB e de sua Comissão Executiva, contrariou a decisão partidária e embarcou para Cuba, embora seja verdade que em 10 de dezembro de 1966 já tivesse enviado uma "Carta à Executiva", renunciando a seu cargo naquela Comissão e demarcando assim sua postura revolucionária: "O contraste de nossas posições políticas e ideológicas é demasiado grande e existe entre nós uma situação insustentável (...) Desejo tornar público que a minha disposição é lutar revolucionariamente junto com as massas".




O Comitê Central entrou em contato com o Partido Comunista Cubano e desautorizou Marighela como porta-voz do partido e ameaçou-o de expulsão.




Eis a imediata resposta de Marighela: "É evidente que compareci sem pedir permissão ao Comitê Central, primeiro porque não tenho que pedir licença para praticar atos revolucionários, segundo porque não reconheço nenhuma autoridade revolucionária nesse Comitê Central para determinar o que devo ou não fazer (...) As divergências que tenho com a Executiva, da qual já me demiti em data anterior, são as mesmas que tenho com o atual Comitê Central. Uma direção pesada como ela é, com pouca ou nenhuma mobilidade, corroída pela ideologia burguesa, nada pode fazer pela revolução. Eu não posso continuar pertencendo a essa espécie de Academia de Letras, cuja única função consiste em se reunir (...) Falta ao Comitê Central a condição mais importante para a liderança marxista-leninista, que é saber conduzir e enfrentar a luta ideológica. E como não pode fazê-lo recorre a medidas administrativas constantes, suspendendo, afastando, expulsando militantes, apreendendo documentos e proibindo a leitura de materiais dos que discordam. É o Comitê Central da censura, das reprimendas, das desautorizações, do crê ou morre (...) Em minha condição de comunista, à qual jamais renunciarei, que não pode ser dada nem retirada pelo Comitê Central, pois o Partido Comunista e o marxismo não têm donos e não são monopólios de ninguém, prosseguirei pelo caminho da luta armada, reafirmando minha atitude revolucionária e rompendo definitivamente com vocês".




Em represália, o Comitê Central, em setembro de 1967, expulsou Marighela das fileiras do partido. Todavia, ele não estava só, não era o único a opor-se à linha partidária e a buscar novos caminhos. Na Conferência Estadual do partido em São Paulo, realizada em maio de 1967, dos 37 delegados presentes 33 haviam assumido as teses de Marighela. Também se alinharam a Marighela quase todos os núcleos operários e estudantis do partido em São Paulo, e ele acabou sendo eleito Secretário-Político do Comitê Estadual de São Paulo.




Foram várias as expulsões que se seguiram à de Marighela. No Rio, Mario Alves e Apolônio de Carvalho, expulsos do Comitê Central, por divergências teóricas não se uniram a Marighela e criaram o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário. No Rio Grande do Sul, os expulsos e os que romperam com o partido constituíram a Dissidência Leninista do RS, que no ano seguinte deu origem ao Partido Operário Comunista (POC). Outros optaram pelo PC do B. No Rio de Janeiro foi constituída a Dissidência da Guanabara (DI/GB) que deu origem ao Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR8). Além disso, outros dissidentes que optaram por permanecer no partido não foram reeleitos para o Comitê Central no VI Congresso, realizado em dezembro de 1967.




Por ocasião do encerramento da OLAS, Marighela enviou uma carta a Fidel Castro, denunciando o PCB: "Os que se levantam contra o absurdo de uma direção ineficaz, imobilizada, imbecilizada pelo medo da revolução, são atacados virulentamente, acusados de fracionismo, aventureirismo e outros feios nomes (...) Ninguém vai deixar de ser comunista por ser este o panorama desalentador da direção do PCB. Ao contrário, o partido é da classe operária e do povo e não monopólio dos que se intitularam seus dirigentes (...) O importante é prosseguir na luta ideológica para mostrar que a ideologia da burguesia penetrou fundo na direção do PCB".




Nessa época, o clima em Havana era de euforia perante o insucesso das tropas norte-americanas no Vietnã e o ascenso dos movimentos guerrilheiros na América Latina. Então, Che Guevara já organizava a guerrilha na Bolívia.Criar um, dois, três Vietnãs era a palavra de ordem mais repetida na OLAS.




Finda a OLAS, Marighela permanece em Havana em conchavos com Manuel Piñero Losada, o homem das revoluções na América Latina. Todavia, todo o planejamento da OLAS ruiu em 8 de outubro de 1967, quando foi anunciada a morte de Che Guevara na Bolívia.




Marighela aproveitou sua estada em Havana para redigir o documento "Algumas Questões sobre a Guerrilha no Brasil", posteriormente divulgado entre os dissidentes do PCB que aceitavam sua liderança e formavam, em torno dele, o Agrupamento Comunista de São Paulo. Esse documento, tornado público pelo Jornal do Brasil de 5 de setembro de 1968, inicia com a afirmação de que a guerrilha é "o caminho fundamental, e mesmo único, para expulsar o imperialismo e destruir as oligarquias, levando as massas ao poder". 






Atribui à revolução cubana o mérito de introduzir "o papel estratégico da guerrilha" no cenário da História (sic) e identifica como um dos objetivos da "estratégia global da guerrilha no Brasil a solidariedade a Cuba através da luta armada em nosso país". Afirma ainda que "a nossa guerrilha visa, fundamentalmente, a conflagração de toda a América Latina contra o inimigo comum: o imperialismo dos EUA". Nesta última frase podem ser identificadas, sem dúvida alguma, as digitais de Manuel Piñero Losada.




Marighela descartava a concepção maoísta do fuzil subordinado ao partido e beirou a concepção do foco revolucionário ao formular que a primeira fase da guerrilha "depende da existência de um pequeno núcleo de combatentes (...) imune ao convencionalismo dos partidos políticos de esquerda tradicional e em condições para enfrentar e conduzir a luta ideológica e política contra o grupo de direita oposto ao caminho armado".




De volta ao Brasil, Marighela reúne os dissidentes do PCB e constitui o Agrupamento Comunista de São Paulo, como acima foi descrito. 






A Declaração da OLAS é assumida pelo Agrupamento "como a linha que adotamos". Criar o apoio logístico nas cidades e iniciar o trabalho político junto aos camponeses são tarefas que, segundo o documento, se impõem à construção da estrutura global da guerrilha.




Nesse sentido, o modelo de estrutura do PCB não servia, por "alimentar a burocracia, entravar a ação revolucionária e impedir a iniciativa dos militantes de base". Assim, o documento rejeita o burocratismo, mas não escapa do voluntarismo, ao afirmar que "precisamos agora de uma organização clandestina, pequena, bem estruturada, flexível, móvel. Uma organização de vanguarda para agir, para praticar a ação revolucionária constante e diária, e não para permanecer em discussões e reuniões intermináveis (...) O que vale é a ação, inspirada por três princípios básicos: o primeiro é que o dever de todo revolucionário é fazer a revolução; o segundo é que não pedimos licença para praticar atos revolucionários, e o terceiro é que só temos compromisso com a revolução". 




O primado dessa organização de vanguarda respaldava-se, portanto, no princípio da autonomia tática, que permitia a pequenos grupos armados interpretarem a seu modo o que fazer e como fazer, sem que nenhum comando ou coordenação pudesse impedi-los de agir. A chamada prática revolucionária da ALN restringiu-se às ações armadas nas áreas urbanas que, sem o mínimo apoio popular – condição primeira para a sobrevivência de qualquer movimento armado –, tornaram-se cada vez mais vulneráveis à ofensiva da chamada repressão.




Para defender e divulgar suas propostas, o Agrupamento lançou o jornal clandestino "O Guerrilheiro", cujo primeiro número data de abril de 1968. O segundo número somente foi editado no final de 1970, cerca de dois anos e meio depois do lançamento do jornal.




A partir de 1968, o Agrupamento passou a constituir-se numa organização revolucionária, sendo batizada de Ação Libertadora Nacional (ALN), com um programa básico: "derrubar a ditadura militar, formar um governo revolucionário do povo, expulsar do país os norte-americanos, expropriar os latifundiários, melhorar as condições de vida dos operários, dos camponeses e da classe média, acabar com a censura, instituir a liberdade de imprensa, de crítica e de organização, retirar o Brasil da posição de satélite da política externa dos EUA e colocá-lo, no plano mundial, como uma nação independente". Todavia, como cumprir essas metas nunca foi explicitado para a Organização. A primeira ação armada da ALN foi realizada em São Paulo, em março de 1968, chefiada pelo próprio Marighela: assalto ao carro-pagador do Banco Francês e Italiano, na Av. Santo Amaro.




Nesse mesmo ano de 1968 foi criada uma organização de base dentro do Convento dos Dominicanos, no bairro das Perdizes, em São Paulo, com a adesão de vários religiosos à ALN. Carlos Marighela chegou a fazer palestras no Convento, apresentado com o codinome de "professor Menezes". Frei Beto foi um dos que participavam dessas reuniões e palestras. Mas não pararam aí os contatos de Marighela com os religiosos. 






Em meados de 1968 eles receberam de Marighela a missão de efetuar um levantamento sócio-econômico para a implantação de possíveis áreas estratégicas ao longo da estrada Belém-Brasília. A área de Conceição do Araguaia, onde os dominicanos possuíam um convento, foi assinalada como "área prioritária". Ao Frei Beto, na época jornalista da Folha da Tarde foi determinado que cuidasse do sistema de imprensa da ALN.




Paralelamente, em meados de 1968, regressava de Cuba o primeiro grupo de militantes da ALN que no ano anterior havia sido enviado à ilha a fim de receber treinamento armado. Nesse ano de 1968, outro grupo foi enviado a Cuba. Desse grupo fazia parte Marcio Leite Toledo, que seria justiçado por seus companheiros em 23 de março de 1971, em São Paulo, em plena rua. Seu crime: pensar com a própria cabeça e imaginar que poderia abandonar a Organização.




Também em 15 de abril de 1971, o industrial Henning Albert Boilesen, acusado de ser um dos financiadores daOperação Bandeirantes, foi justiçado por um comandoterrorista do qual participaram militantes da ALN.
Já nessa época, em Ribeirão Preto, Carlos Leopoldo Teixeira Paulino, depois eleito vereador do PSB, era militante da ALN. 






Na gestão do ministro Palocci como prefeito de Ribeirão Preto, Teixeira Paulino, na condição de Secretário de Esportes, constituiu um Comitê de Apoio às FARC na cidade, em 20 de março de 2002. Uma das ações terroristas da qual participou Teixeira Paulino foi um fracassado atentado a bomba, em outubro de 1969, contra as Lojas Americanas de Ribeirão Preto. O alvo foi escolhido apenas por causa do nome...




A ALN, como todas as demais organizações ditas revolucionárias, no entanto, não reuniu trabalhadores e camponeses e sim jovens oriundos da chamada pequena-burguesia, despertados politicamente pelo Movimento Estudantil, sacrificados prematuramente pelas idéias alopradas aprovadas pela OLAS e encampadas por Carlos Marighela.




Em 4 de novembro de 1969 Carlos Marighela foi morto em um ponto de rua denunciado à polícia de São Paulo pelos padres dominicanos, seus aliados. Seu sucessor, Joaquim Câmara Ferreira ("Toledo"), apesar de ter chefiado o seqüestro do embaixador dos EUA Charles Elbrick, com militantes do MR8, não possuía os requisitos necessários a um comandante e sua liderança não foi aceita por muitos, fundamentalmente por um grupo de militantes que se encontrava em Cuba, recebendo treinamento militar, entre os quais José Dirceu de Oliveira e Silva, o kamarada !Daniel". Essa atitude ocasionou uma cisão que ficou conhecida como o "Racha dos 28": 28 militantes que, em Cuba, abandonaram a ALN e decidiram constituir o "MOLIPO-Movimento de Libertação Popular". 




Um ano após a morte de Marighela, ocorria a morte de "Toledo", em dezembro de 1970, em São Paulo, e o "MOLIPO", em 1971, era totalmente dizimado quando do regresso clandestino de seus membros ao Brasil, não sem antes realizarem uma série de ações armadas: 18 militantes perderam a vida, a maioria deles nas ruas de São Paulo e 5 foram considerados desaparecidos. Alguns desertores sobreviveram, como o kamarada "Daniel".




Em 1972, o último comandante da ALN, Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz ("Clemente"), abandonou a organização, viajou para Cuba e de lá, após receber treinamento armado, para Paris, onde viveu até a decretação da anistia.




A Ação Libertadora Nacional, desde a sua constituição, em 1968, até seu desmantelamento, em 1972, teve 4 anos de vida. Mas o sonho da OLAS e de seu maior intérprete, Carlos Marighela, bem como seus escritos, como o Minimanual do Guerrilheiro Urbano, causaram milhares de mortes em toda a América Latina. 






Porém, em diversos países, como no Brasil – suprema ironia -, aqueles que mataram, assaltaram, seqüestraram e justiçaram seus próprios companheiros foram anistiados e recompensados financeiramente.





Carlos I.S. Azambuja é Historiador.



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“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”

"A Revolução Francesa começou com a declaração dos direitos do homem, e só terminará com a declaração dos direitos de Deus." (de Bonald).

Polonia by Augusto César Ribeiro Vieira


(95) Vídeos de Isso é Brasil

Fico imaginando como deve ser louvor dos anjos!! Assista e veja o porque!

Posted by Ronaldo Nunes de Lima on Segunda, 24 de junho de 2013

Este vídeo é a minha singela homenagem ao policial Civil do Distrito Federal, Carlos Eugênio Silva, conhecido como Dentinho, morto em um acidente nos EUA.Aproveito para agradecer o Governo e a Polícia Americana pelo exemplo de tratamento e honrarias dispensados a um policial morto. Espero muito que o Governo Brasileiro se espelhe neles e trate esse nosso guerreiro com o devido respeito e admiração em solo Brasileiro.Temos que aprender a reverenciar principalmente o velório de quem põe a vida em risco por nós e por nossos familiares, não apenas as celebridades da TV.

Posted by Marcos Do Val on Quinta, 9 de julho de 2015