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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Sobre Palavras - VEJA.com










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21/02/2014 às 16:00 \ Palavra da semana


A venezuelana Génesis Carmona (foto), Miss Turismo de Carabobo, não pertencia à elite da categoria, mas afinal de contas carregava o título de miss no país que é, provavelmente, o último do mundo a atribuir a concursos de beleza a importância que eles tiveram para a cultura de massa em meados do século passado. Isso adicionou drama à repercussão de sua morte, quarta-feira, após levar um tiro na cabeça no dia anterior, durante manifestação contra o governo de Nicolás Maduro.

Miss, que os lexicógrafos recomendam em vão que se escreva com itálico, é uma palavra da língua inglesa que, antes de passar a nomear (na segunda década do século XX) as vencedoras de concursos de beleza, já tinha cerca de 350 anos de uso como forma de tratamento respeitoso dispensado a mulheres solteiras.

Forma reduzida de mistress (“senhora”), miss se situa numa linhagem que, passando pelo francêsmaistresse (feminino de maistre, “mestre, senhor”), vai bater no latim magister, “o que manda, dirige, ordena”.

A expressão Miss America já era usada no século XIX nos EUA, mas apenas em referência à jovem americana ideal ou, em determinadas situações, aos “Estados Unidos personificados como uma jovem”, segundo o dicionário etimológico de Douglas Harper. O primeiro concurso de beleza com tal nome foi realizado em 1922. As versões internacionais Miss Mundo e Miss Universo datam da década de 1950.




20/02/2014 às 15:53 \ Consultório




Grace Kelly: uma loira com pele de loiça que era cousa de doudo

“Acabei de ser corrigida e fiquei em dúvida. Sempre escrevi louro para pessoas com cabelos claros, mas qual o correto? Louro ou loiro?” (Giselle Gomes)



As duas formas estão corretas, Giselle. Louro, do latimlaurus, é a mais antiga (século XIII) e aquela que em geral os dicionaristas, tanto os brasileiros quanto os portugueses, ainda consideram preferencial.

No entanto, loiro, uma variação registrada pela primeira vez por um lexicógrafo em 1836, tem uso cada vez mais disseminado no Brasil, a ponto de não ser incomum encontrar, como você encontrou, quem por desinformação caia na besteira de tentar corrigir quem prefere louro.

Registre-se que as duas formas têm exatamente as mesmas acepções, de “folha do loureiro” a “cor entre o dourado e o castanho claro” e ainda “pessoa que tem os cabelos dessa cor”. (Louro como sinônimo de papagaio tem outra origem, ainda que meio nebulosa, mas, ao contrário do que muitos imaginam, também admite a variação loiro.)

O uso de louro ou loiro já obedeceu a preferências regionais, mas essas fronteiras andam meio borradas. Em minha juventude, no Rio de Janeiro, todo mundo só falava e escrevia louro. Quando se esbarrava em loiro, quase sempre estávamos na presença de um paulista.

Assim como a pronúncia futêbol, loiro é um dos traços linguísticos que São Paulo tem exportado para o resto do país na esteira de seu domínio econômico e cultural. Meu filho, carioca de nascimento e criação, fala loiro.

A oscilação entre os ditongos ou e oi tem uma longa história em nossa língua. Noite era noute no português antigo. Machado de Assis gostava de escrever dous e doudo, formas praticamente caídas em desuso.

Em compensação, a tesoura, acredite, já foi chamada exclusivamente de tesoira. Louça/loiça, ouro/oiro, coisa/cousa e coice/couce são outros exemplos de pares em que as duas formas são consideradas corretas.


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19/02/2014 às 10:57 \ Tradução simultânea



“Um avião não é feito para cair, mas ele sazonalmente cai. O que não se pode dizer é que ele todo ano tem que cair. Assim é o sistema elétrico brasileiro.” (Edison Lobão)



A declaração do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, contém duas bobagens em uma. A primeira, uma impropriedade vocabular flagrante, é chamar de “sazonais” os acidentes aéreos. A segunda é compará-los aos apagões, estes sim tendentes à sazonalidade.

O adjetivo sazonal é derivado de um substantivo feminino nascido no século XIII e pouco usado hoje: sazão, do latim sationis, que quer dizer estação do ano e, por extensão, tempo próprio para a colheita.

Faz tempo que sazonal, “relativo a uma determinada época do ano”, vai além de seu sentido original, podendo nomear tudo aquilo que ocorre em ciclos, regularmente, de forma previsível – como as estações que estão na origem disso tudo.

Safras são sazonais, claro, e fluxos turísticos em balneários também, mas até a Copa do Mundo pode ser chamada de sazonal. Há ciclos e padrões na ocorrência de todos esses eventos. Sinônimos de sazonal são periódico, cíclico, regular, repetitivo.

Um acidente aéreo, como se vê, é tudo menos sazonal. Imprevisível, pode-se dizer que é melhor qualificado pelos antônimos das palavras listadas acima: ocasional, eventual, fortuito, irregular.

Tudo aquilo que os apagões e o medo do desabastecimento energético, pragas brasileiras frequentes e propensas a atacar no verão, infelizmente não são.

  • .



18/02/2014 às 15:45 \ Curiosidades etimológicas


Abacaxi, tapera, mandioca, piranha, tatu, curumim, carioca, todo mundo sabe que a língua portuguesa – sobretudo a que se fala no Brasil – herdou do tronco linguístico tupi um imenso tesouro vocabular. Mesmo assim, foi com surpresa que descobri que uma dessas palavras é pipoca.

Surpresa por quê? Em primeiro lugar por ignorância, claro. Em segundo, suponho, por não associar esse “grão de milho estourado com o calor e que se come salgado ou adoçado” (Houaiss) à cultura indígena. Mandioca, sim, mas pipoca? Esta parece moderna demais, ligada a urbaníssimas sessões de cinema e de sonoridade até semelhante ao inglês popcorn.

Bobagem. Quando se sabe que a história pré-colombiana da pipoca é estimada em milhares de anos, já não surpreende descobrir que lá estava ela fazendo sua estreia oficial na língua portuguesa no clássico poema épico “Caramuru”, que o frei José de Santa Rita Durão publicou em 1781:


De víveres prover a gente armada;
Quais torravam o aipim, quem mandiocas,
Outros na cinza as cândidas pipocas.

A citação está no referencial “Dicionário histórico das palavras de origem tupi”, de Antônio Geraldo da Cunha, que tem ainda o mérito de definir em veia um pouco mais poética do que o Houaiss seu objeto de estudo: “Grão de milho que, estalado ao calor do fogo, forma um floco branco, que se come borrifado com sal ou banhado com mel”.

Em termos literais, o tupi pi’poka traz a ideia de “pele estourada” – poka significa aquilo que estala, que faz barulho. Como se vê, a semelhança com popcorn, algo como “milho que estoura”, não é apenas sonora.

Em tempo: o título ali em cima é tirado da letra de “Cara de índio”, velha e ótima canção de Djavan em sua primeira fase. Talvez não tenha tanto assim a ver com o post, mas não resisti.




17/02/2014 às 15:16 \ Consultório



“Qual a origem da expressão ‘isso é para inglês ver’? Agradeço desde já. Abraços.” (Kalina Santos)

Não existe uma explicação acima de controvérsia para a conhecidíssima expressão “para inglês ver”, cujo sentido o Houaiss define como “para efeito de aparência, sem validez”. A mais aceita, e que me parece também a mais plausível, é a que apresentou o filólogo João Ribeiro em seu livro “A língua nacional”: no tempo do Império, as autoridades brasileiras, fingindo que cediam às pressões da Inglaterra, tomaram providências de mentirinha para combater o tráfico de escravos africanos – um combate que nunca houve, que era encenado apenas “para inglês ver”. O sentido da expressão nesse contexto é exatamente o mesmo que ela tem até hoje.

Em seu “Tesouro da fraseologia brasileira”, Antenor Nascentes enumera outras teses. Uma delas (de Mário Sette) diz respeito aos trajes de linho que os ingleses usavam em Pernambuco, diferentes dos de casimira preferidos pela população local – o que levava certos brasileiros gozadores, sempre que viam um nativo trajando linho, a dizer que ele só se vestia assim “para inglês ver”.

Entre as teses enumeradas por Nascentes, a mais rica em detalhes – talvez rica demais para ser crível, mas o estudioso anota que Gilberto Freyre e Afonso Arinos lhe deram crédito – é apresentada por Pereira da Costa em seu “Vocabulário pernambucano”:


Tocando na Bahia na tarde de 22 de janeiro de 1808 a esquadra que conduzia de Lisboa para o Rio de Janeiro a fugitiva família real portuguesa, e não desembarcando ninguém pelo adiantado da hora, à noite, a geral iluminação da cidade, acompanhando-a em todas as suas sinuosidades, apresentava um deslumbrante aspecto. D. João, ao contemplar do tombadilho da nau capitânia tão belo espetáculo, exclama radiante de alegria, voltando-se para a gente da corte que o rodeava: ‘Está bem bom para o inglês ver’, indicando com um gesto o lugar em que fundeava a nau ‘Bedford’, da marinha de guerra britânica, sob a chefia do almirante Jervis, de comboio à frota real portuguesa.

*

Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Às segundas e quintas-feiras o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail:sobrepalavras@todoprosa.com.br




16/02/2014 às 9:00 \ Crônica


Às vezes a internet nos dá a impressão de que nunca se discutiu tanto, mas eis algo que ninguém discute: ter opinião é bom, saber expressá-la é ótimo e saber expressá-la com eloquência, então, uma maravilha. Só não me esqueço de que o sergipano Sílvio Romero (foto), que tinha e sabia tudo isso, mesmo assim quase atirou no lixo sua reputação como um dos maiores críticos literários brasileiros de todos os tempos quando, em 1885, escreveu o seguinte sobre um certo escritor carioca em meio de carreira:


O Sr. Machado de Assis passa atualmente pelo mestre incomparável do romance nacional. (…) Mas é preciso romper o enfado que me causa este romântico em desmantelo, despi-lo à luz meridiana da crítica. Esse pequeno representante do pensamento retórico e velho no Brasil é hoje o mais pernicioso enganador, que vai pervertendo a mocidade. Essa sereia matreira deve ser abandonada.

Em 1885, Machado já tinha publicado o livro de contos “Papéis avulsos”, entre os quais estava a obra-prima O alienista, e também “Memórias póstumas de Brás Cubas”, o inclassificável romance – um dos maiores de nossa literatura – que marcou o salto espantoso entre o romantismo convencional de sua fase jovem e a genialidade da fase madura. Sílvio Romero não concordava com nada disso:


O Sr. Machado simboliza hoje o nosso romantismo velho, caquético, opilado, sem ideias, sem vistas, lantejoulado de pequeninas frases, ensebadas fitas para efeito. Ele não tem um romance, não tem um volume de poesias que fizesse época, que assinalasse uma tendência. É um tipo morto antes do tempo na orientação nacional.

Será que motivações pessoais cegavam o grande crítico para a grandeza óbvia do escritor? Bom, Machado tinha, alguns anos antes, falado mal de um livro de poesia assinado por Romero, o tipo de coisa que marca. Também é verdade que o sergipano era fã de seu conterrâneo Tobias Barreto (que tal ir ao Google?), que tentava em vão elevar aos píncaros da glória nacional, e Machado parecia ser uma pedra nesse caminho.

Não importa. Seja qual for o motivo, o fato indiscutível – e embaraçoso – é que no momento em que foram mais convictas, mais chocantes, mais eloquentes, mais flamejantes, as opiniões de um homem de grande inteligência e cultura foram também profundamente estúpidas. Convém nunca esquecer.




14/02/2014 às 16:00 \ Palavra da semana


Tanto rojão quanto foguete, nomes do artefato que matou o cinegrafista Santiago Andrade, são palavras que o português foi buscar no espanhol há muito tempo: em meados do século XVI, no caso de rojão, e em torno de um século antes, no caso de foguete.

O Houaiss define assim os dois (com a segunda acepção de rojão remetendo a foguete, como seu sinônimo perfeito): “engenho pirotécnico que consiste em um tubo de papelão carregado com pólvora, no qual, quando se ateia fogo ao pavio situado em sua parte inferior, ocorre a expulsão de gases por combustão, imprimindo um movimento para o alto, onde estoura com grande ruído”.

Só faltou acrescentar que o “movimento para o alto” pressupõe, claro, um lançador imbuído de um mínimo de boa-fé, personagem que Santiago não teve a felicidade de encontrar. A trajetória do rojão depende de quem o aponta.

A palavra rojão é parente próxima do substantivo arrojo, que é mais empregado entre nós (sobretudo sob a forma do adjetivo arrojado) em seu sentido figurado de “audácia, ousadia, coragem”. No entanto, o arrojo também tem na origem a ideia de arremesso, lançamento (de algo) à distância. O verbo castelhano arrojar, datado do século XIII, é filho do latim vulgar rotulare– literalmente, “rodar, girar”, movimento que se faz com o braço quando se deseja atirar algum objeto à maior distância possível.

O caso de foguete é ainda mais surpreendente. À primeira vista, parece apenas um diminutivo de fogo, um foguinho, mas a história é mais complicada. O fogo teve de fato um papel no desenvolvimento da palavra, mas apenas para modificá-la, em decorrência do que a princípio não passava de um mal-entendido – da mesma forma que o substantivo floresta, do francês antigoforest, foi modificado pela ideia de “flor” ou “flora”.

A origem de nosso foguete deve ser buscada no espanhol cohete, este provavelmente oriundo, segundo o filólogo Joan Corominas, do catalão coet – um derivado de coa, “cauda”, em referência ao rastro luminoso que deixa no céu.




13/02/2014 às 13:00 \ Consultório


Há pouco mais de dois meses tratei aqui, no post Todo incluso é incluído, mas nem todo incluído é incluso, do caso de incluso, palavrinha que evito usar, por me parecer meio metida a besta, mas de sucesso crescente no vocabulário dos brasileiros. O que eu tinha de fundamental a dizer sobre ela está naquele artigo, que recomendo a quem não o leu. Reabro o caso porque recebi duas novas consultas, que vão expostas e comentadas abaixo.


“Prezado Sérgio, tenho aprendido muito com seus preciosos ensinamentos. Mas gostaria de fazer um questionamento acerca do uso do incluso ou incluído, que foi tão bem explicado por você. Ontem, fui matricular minha filha num curso e perguntei se o lanche estava incluído. A professora afirmou que o lanche estava incluso, num tom mais forte, como que me corrigindo. Gostaria de saber se, de fato, todo incluso é incluído, mesmo que esteja exercendo a função de adjetivo. Posso afirmar que o lanche está incluído (forma que sempre estaria correta) ou tenho que afirmar que está incluso, tendo em vista que, no presente exemplo, ele atua como adjetivo? Desde já agradeço a oportunidade e aproveito para expressar minha admiração.” (Sandra Aguiar)

A professora da filha de Sandra está desinformada e deveria ter mais cuidado antes de corrigir os outros. A forma “incluído” não apenas está correta em todas essas construções, tanto no papel de adjetivo quanto no de particípio – papéis que se confundem, aliás –, como é também a forma que se pode chamar de preferencial, aquela que tem atrás de si uma longa tradição de bons autores. Enquanto isso, incluso é um vocábulo emergente na linguagem comum, uma escolha que a meu ver ainda não perdeu certo visgo bacharelesco. Isso não quer dizer que seja um erro – a menos, aí sim, que venha empregado na voz ativa, como em “O garçom já tinha incluso a gorjeta na nota”. Felizmente, isso é algo que ainda se vê pouco por aí.


“Infelizmente fiquei com uma tremenda dor de cabeça de dúvida: lendo outros sites, lá dizem que o verbo ‘incluir’ não é um verbo abundante, e incluso é usado somente como um adjetivo e não nos verbos compostos ou na voz passiva. Achei que tinha chegado ao final da dúvida, mas um site contradiz o outro (ou enriquece). Desculpa e agradeço.” (Ise Severo)

Não sei a que sites Ise se refere, mas reafirmo que incluir é um verbo abundante e incluso, seu particípio irregular. O Houaiss os trata assim, entre muitos outros estudiosos, e não acredito que haja outra forma razoável de tratá-los. O fato de incluso ser mais usado como adjetivo não é suficiente para alterar tal fato, mesmo porque, como foi dito acima, o particípio que é empregado como adjetivo se confunde com aquele que se usa em construções na voz passiva, com os verbos ser e estar. Convém reiterar que o único cuidado que é preciso ter é o de não empregar incluso em construções ativas – a mesma recomendação que vale para muitos outros particípios irregulares, como isento, aceso e expulso.




12/02/2014 às 11:45 \ Tradução simultânea





“Vai circulando, vai circulando…”

Interessante a riqueza semântica do verbo “circular”, empregado por Ciro Gomes, secretário de Saúde do Ceará, sexta-feira passada, depois de desferir um safanão no sujeito incômodo que o filmava (leia a nota Ciro black bloc, que Lauro Jardim publicou ontem na coluna “Radar”).

Como bem observou o colunista, “circulando” é um chavão da linguagem policial. Trata-se, como se sabe, de uma forma de mandar o cidadão sair de perto, muito usada para dispersar aglomerações. Circular tem nesse caso o sentido de “deslocar-se normalmente em diversas direções; transitar”, segundo o Houaiss.

Só que o verbo apresenta também outras acepções, entre elas as que o mesmo dicionário formula assim: “passar de mão em mão ou de boca em boca”; “estar em circulação entre o público leitor” e ainda “ser divulgado, tornar-se conhecido; difundir-se”.

Como ocorreu com o vídeo acima.




11/02/2014 às 13:49 \ Curiosidades etimológicas


Entre as muitas curiosidades que a etimologia nos reserva, esta é uma das que mais me surpreenderam quando a descobri: o parentesco entre as palavras jargão e geringonça.

O que o jargão, palavra séria que quer dizer “código linguístico próprio de um grupo sociocultural ou profissional com vocabulário especial, difícil de compreender ou incompreensível para os não-iniciados” (Houaiss), poderia ter a ver com a geringonça, palavra cômica que significa “o que é malfeito, com estrutura frágil e funcionamento precário” (idem)?

Em primeiro lugar, ajuda saber que, em acepções menos usuais, os dois vocábulos têm sentidos correlatos: jargão, o de linguagem disparatada, errada, muitas vezes com a mistura de dois ou mais idiomas (como a dos italianos das novela da Globo); geringonça, o de linguagem grosseira, calão, gíria de marginais.

Em última análise,os dois termos são membros da grande família do radical latino garg- (ligado à ideia de gargarejo, som produzido na garganta), que nos deu ainda a garganta e a gargalhada. Mas houve tabelinhas pelo caminho, como costuma ocorrer: jargão se liga ao francês antigojargon, inicialmente “canto de pássaro” e mais tarde “língua incompreensível, língua de ladrões”; e geringonça é um decalque direto do espanhol jeringonza, que um dia foi grafado como girgonze que significa “gíria”.

O que resta explicar, portanto, é como a geringonça transbordou do campo semântico da linguística para se estabelecer tão solidamente como palavra perfeita para designar artefatos canhestros, feios e desengonçados. Um mistério? Talvez sim, talvez não: uma “língua grosseira e de difícil compreensão” não parece, aos não-iniciados, cheia de palavras canhestras, feias e desengonçadas?



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“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”

"A Revolução Francesa começou com a declaração dos direitos do homem, e só terminará com a declaração dos direitos de Deus." (de Bonald).

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