_Em Brasília, no final da noite do dia 1º de abril, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, decretou vaga a presidência, mesmo tendo recebido ofício do chefe da Casa Civil, Darcy Ribeiro, informando-o de que o presidente se encontrava no Rio Grande do Sul “à frente de tropas militares legalistas e no pleno exercício dos poderes constitucionais, com seu ministério”. Presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli é então empossado na presidência.
O jornalista Flavio Tavares, que acompanhou a sessão tumultuada do Congresso, conta em seu livro recém-lançado 1964, o Golpe, que o senador Auro Moura Andrade conseguiu reunir no Congresso 29 senadores e 183 deputados para a sessão histórica. A posse de Ranieri ocorre no Palácio do Planalto, estando presentes, entre outros, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Álvaro Ribeiro da Costa, e o diplomata norte-americano Bob Bentley que, em 2010, revelou a Flavio sua conversa com a embaixada dos Estados Unidos em Brasília. Conversa que passou pelo Rio de Janeiro e chegou a Washington. “Perguntaram-me se tudo fora feito de acordo com a lei e eu disse que não tinha condições de julgar, mas achava que sim, pois até o presidente do Supremo Tribunal Federal estava presente”. De Washington, passando pela embaixada, chegou a Bentley a informação de que os Estados Unidos reconheceriam o novo governo.
Já no dia 2 de abril, os militares organizaram o Comando Supremo da Revolução, integrado por representantes da Aeronáutica (brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo), da Marinha (vice-almirante Augusto Rademaker) e do Exército (marechal Arthur da Costa e Silva). O Comando ficou no poder por duas semanas, até a posse, no dia 15 de abril, do general Humberto de Alencar Castelo Branco, aprovado pelos Estados Unidos e eleito por um Congresso depurado pelo Ato Institucional número 1, editado no dia 9 de abril de 1964, sem fundamentação jurídica ou constitucional, pela junta militar. O AI-1 instituiu a eleição indireta para presidente, deu poderes excepcionais ao Comando e ao futuro presidente, criou o IPM – Inquérito Policial Militar, para justificar as prisões, que vinham e continuariam sendo feitas, e promover a Operação Limpeza, por meio de cassações e expurgos. Entre os primeiros políticos cassados estavam João Goulart, Leonel Brizola, Miguel Arraes, Jânio Quadros e Luís Carlos Prestes.
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Ver resposta — com Auro de Moura Andrade.
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