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Ricardo Setti
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31/03/2014 às 20:00 \ Política & Cia
50 ANOS DO GOLPE DE 1964: Com palestra em seminário da USP e da Brown University, Luiz Cláudio Cunha desnuda a participação da ditadura brasileira nos crimes dos ex-regimes autoritários do Cone Sul
Ilustração do artista alemão Albrecht Dürer para a capa da edição de 1549 da sátira “A Nau dos Insensatos”, do também alemão Sebastian Brant
No âmbito do seminário internacional “O Golpe de 1964 e a onda autoritária na América Latina”, co-patrocinado pela Universidade de São Paulo e pela Brown University, dos Estados Unidos, o jornalista Luiz Cláudio Cunha falou sobre a participação da extinta ditadura brasileira na chamada Operação Condor, conjunto de operações repressivas ilegais em que colaboraram outros regimes totalitários do Cone Sul nos anos 70 e 80.
O evento, que transcorreu de segunda a sexta-feira da semana passada em auditório na Praça da Reitoria, no campus da USP, foi uma promoção do Departamento de História da Universidade, sob coordenação da professora Maria Helena Capelato, com comissão integrada pelos professores Marcos Napolitano e Janaína Teles, também da História da USP, e James Green, da História da Brown University,
Participaram alguns dos principais especialistas no período militar e historiadores de seis universidades brasileiras, duas dos Estados Unidos, uma do Chile e uma da Argentina, além de um representante doNational Security Archive, de Washington, e outra da Comissão Nacional da Verdade. O único não acadêmico era Luiz Cláudio.
A palestra de Luiz Cláudio, veterano batalhador pelos direitos humanos, Prêmio Esso de Jornalismo e autor, entre outros, do livro O Seqüestro dos Uruguaios — Uma Reportagem dos Tempos da Ditadura (Editora L&PM, 2008, 472 págs.), intensamente documentada, é uma peça histórica cuja leitura vale a pena.
Confiram:
As penas verde-amarelas da Condor — As conexões repressivas do Brasil com as ditaduras no Cone Sul
As conexões repressivas do Brasil com as ditaduras no Cone Sul.
A plateia bem comportada que tomava as poltronas de veludo vermelho do centenário Teatro Solís, no centro de Montevidéu, irrompeu em aplausos entusiasmados quando ouviu o refrão final de Disculpe, ogrande sucesso de Los Nocheros, o grupo folclórico patrioteiro que fazia sucesso com a música que a ultradireita do Uruguai assumiu como seu hino anticomunista.
Disculpe si no me entiende
Disculpe si no lo entiendo
Usted habla por la boca de otra gente y yo,
Y yo soy solo el eco de mi pueblo
O público daquela noite, 25 de agosto de 1975, não podia ser mais fiel: eram generais, oficiais de inteligência e agregados da elite militar de 15 países reunidos nos preparativos da 11º Conferência dos Exércitos Americanos (CEA), que seria aberta dois meses depois.
E a atração musical no palco não podia ser mais confiável.
O quarteto de Los Nocheros — três guitarras e um bumbo — teve o seu disco patrocinado pela DINARP, o organismo de propaganda criado logo após o golpe militar civil-militar de 1973.
Dois músicos do grupo eram ligados à DNII, a Dirección Nacional de Información y Inteligência, a polícia política patrocinada com recursos da CIA norte-americana e inspirada no ‘Esquadrão da Morte’ do delegado brasileiro Sérgio Fleury.
O quarteto almoçava com frequência com o comandante da secreta Compañia de Contrainformaciones, o braço repressivo do Exército. E Los Nocheros chegaram a cantar na festa de aniversário da unidade militar, instalada num quartel na esquina da calle Colorado e bulevar Artigas, dois quilômetros ao norte do Obelisco, marco turístico de Montevidéu.
Em 20 de outubro, enfim, abriu-se a 11ª CEA, que reuniu por cinco dias os comandantes da repressão mais louvados pelos nocheros do continente.
O anfitrião da CEA, general Julio César Vadora, comandante do Exército uruguaio, expôs a ideia fixa daquele distinto público: “No campo de batalha da sedição, deve haver um estreito enlace entre os Exércitos [...]“.
Maior do Exército, que amanheceu já no dia 11 de setembro no regimento de Peñalolén onde o general Augusto Pinochet instalou o QG do golpe contra o presidente chileno Salvador Allende em 1973. O general Álvarez ecoou o mantra de seu líder: “O mundo se encontra em guerra. Uma guerra [...] de ações solapadas em que não se distingue vanguarda e retaguarda [...]“.
O general uruguaio Luís Vicente Queirolo, secretário-geral da conferência, foi mais claro: “Existe uma coordenação entre os exércitos do continente para combater e impedir a infiltração marxista [...]“.
A estrela principal da reunião acabou sendo o chefe da delegação argentina, nomeado há menos de dois meses pela presidente Isabelita Perón para o comando do Exército.
Se for preciso, deverão morrer na Argentina todas as pessoas necessárias para alcançar a segurança do país”
O tenente-general Jorge Rafael Videla ganhou as manchetes dos jornais ao antecipar o futuro em Montevidéu: “Se for preciso, deverão morrer na Argentina todas as pessoas necessárias para alcançar a segurança do país…”, avisou Videla, seis meses antes de liderar o golpe que matou e fez desaparecer 30 mil pessoas que ‘ameaçavam’ a segurança nacional.
O líder da comitiva brasileira, mais discreto, era o general Fritz Azevedo Manso, chefe do Estado-Maior do Exército, que derrubou João Goulart duas vezes no espaço de uma década.
Em 1954, como tenente-coronel, Fritz assinou o manifesto de 82 oficiais que levou à queda do então ministro do Trabalho de Getúlio Vargas. Em 1964, como coronel, Fritz conspirou no golpe que depôs o presidente da República.» Clique para continuar lendo e deixe seu comentário
Tags: América Latina, Argentina, Brown University, Chile, Cone Sul, ditaduras,golpe de 1964, Luiz Cláudio Cunha, onda autoritária, Paraguai, Uruguai, USP
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31/03/2014 às 18:00 \ Vasto Mundo
CUBA: reformas econômicas “modernizadoras” e pró-investimentos estrangeiros obscurecem fato abominável de que regime vai embolsar parte dos salários dos trabalhadores contratados
O Porto de Mariel, em Cuba, ampliado e modernizado com financiamento do BNDES: crucial para a “abertura econômica” da ditadura comunista (Foto: Reuters)
A papagaiada foi a de sempre, em regimes ditatoriais que pretendem exibir alguma fachada de democracia: os 612 deputados da Assembleia Nacional de Cuba aprovaram por unanimidade a nova lei de investimentos estrangeiros que, teoricamente, abre a economia da ilha para os capitais dos grandes centros.
Na verdade, tudo, como sempre, havia sido decidido pela meia dúzia de integrantes da cúpula do Partido Comunista, à frente o ditador Raúl Castro, 82 anos, e a medida rotulada de “histórica” visa, com investimentos de fora, injetar alguma modernidade no caquético aparelho produtivo cubano. O que funciona, hoje, na ilha, é o reduzido e controlado setor privado, que segundo dados oficiais, incluiria meio milhão de cuentapropistas, ou seja, pessoas que trabalham por conta própria em pequenos negócios.
A medida se soma à modernização e ampliação do porto de Mariel, financiada pelo Brasil, em torno do qual haverá uma espécie de “zona especial”, onde vai vigorar o regime capitalista, com livre circulação de moeda estrangeira e uma série de estímulos a investimentos, como ocorre na China.
Cuba quer atrair interessados em melhorar o setor agrícola e florestal, o comercio atacadista, ampliar e multiplicar as industrias, dinamizar os setores de energia, transportes, minas e construção, aprimorar o turismo e explorar com mais empenho petróleo em sua costa, diante das incertezas existentes quanto a continuar recebendo óleo a preços favorecidos pelo regime chavista da Venezuela que, como se sabe, faz água e enfrenta grave crise econômica.
Certos setores, porém, continuarão totalmente em mãos do Estado, como educação e saúde — ou seja, universidades ou hospitais estrangeiros privados de renome, por exemplo, não poderão, se quiserem, se instalar na ilha.
A Assembleia Nacional de Cuba “vota” o que a cúpula do Partido Comunista já havia decidido: abertura ao capital estrangeiro, mas controle na contratação de trabalhadores (Foto: Granma)
As medidas aprovadas são interessantes, e é preciso escarafunchar a nova legislação para encontrar, ali, o lado negro — as inventivas formas que o regime cria para explorar os trabalhadores cubanos.
Então, enquanto o regime chama a atenção para a isenção dos principais impostos por 8 anos a empresas estrangeiras que se instalarem na ilha, sistema que pode prosseguir se houver reinvestimento dos lucros, ou para regras que garantem segurança legal contra expropriações — se vierem a ocorrer, “por motivos de utilidade pública ou interesse social”, haverá indenização em dinheiro –, o ministro de Comércio Exterior e Investimentos Estrangeiros, Rodrigo Malmierca, deixou claro que não será autorizada a “livre contratação” de trabalhadores.
É o esquema dos médicos cubanos que vieram para o Brasil: a empresa estrangeira que quiser contratar um operário ou um engenheiro, por exemplo, deverá fazê-lo por meio do que Malmierca chamou “as entidades empregadoras do Estado cubano”. O que significa que, a despeito das promessas de que haverá negociação salarial para “estimular” os trabalhadores e tornar “eficientes” as empresas, o Estado vai embolsar parte do que os contratados receberão.
Como os “gatos” (agenciadores ilegais) de mão-de-obra no campo, no Brasil. Como se o Estado cubano fosse dono dos trabalhadores, e alugasse a terceiros o produto de seu esforço, deixando no ar um certo e revoltante ar de trabalho escravo.
Tags: "entidades empregadoras do Estado", abertura da economia, Assembleia Nacional, Cuba, lei de investimentos estrangeiros, não à livre contratação, Porto de Mariel, Raúl Castro, setor privado
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31/03/2014 às 17:00 \ Política & Cia
50 ANOS DO GOLPE MILITAR: FHC lamenta: “Faltam-nos crença na democracia e grandeza na vida política”
O ex-presidente em sua sala no Instituto que leva seu nome, em São Paulo: militares golpistas não tinham projeto (Foto: Eduardo Nicolau / Estadão)
Entrevista concedida à jornalista Laura Greenhalgh, de O Estado de S. Paulo
se entre ser socialista nos modos e marxista nas ideias. E fazia a cabeça da estudantada da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP).
Daí o golpe se consumou e o professor Fernando Henrique teve que sumir. Vazou, como se diz hoje. “Quando os policiais chegaram na Maria Antonia (nome da rua onde ficava a faculdade, em São Paulo) para me prender quase levaram o (filósofo) Bento Prado, achando que era eu”, comenta o ex-presidente ao lembrar de um tempo em que precisou pular de casa em casa, de cidade em cidade, às escondidas, até se fixar no Chile, para onde seguiram a mulher, Ruth Cardoso, e os filhos pequenos.
entrevista que se segue, o trigésimo-quarto mandatário brasileiro reflete sobre a ditadura e conclui que ela não chegou a desmontar o Estado regulador. “Falam tanto em neoliberalismo, mas nunca tivemos isso no País. Já liberalismo político, esse eu até gostaria que houvesse mais”.
A 50 anos do golpe que o levou para o exílio e aos 82 de idade, Fernando Henrique, deixa passar uma nota de amargura: “Não estamos em condição de ensinar democracia a ninguém, porque há muito a aprender. Faltam-nos, sobretudo, crença na democracia e grandeza na vida política.”
Onde o senhor estava quando tudo aconteceu, 50 anos atrás?
Semanas antes do golpe, quando houve aquele comício da Central do Brasil, eu estava no Rio, onde vivia meu pai. Passei pelo comício e embarquei lá mesmo, rumo a São Paulo.
Era 13 março. No trem estavam o (hoje ex-ministro) José Gregori, o (hoje ex-deputado federal) Plínio de Arruda Sampaio, com quem eu acabaria me reencontrando no exílio, e um rapaz chamado Marco Antonio Mastrobuono, que depois viria a casar com a Tutu, filha do Jânio Quadros.
Viemos conversando ao longo da viagem sobre a situação. Ali ninguém era entusiasta do Jango, eu também não era. Embora meu pai fosse um militar nacionalista, que inclusive havia sido deputado pelo PTB.
Seu pai era um nacionalista. E o senhor?
Um socialista. Tivera contato com o comunismo nos anos 1950, mas àquela altura, depois do stalinismo, não sobravam ilusões. Também não tinha ilusão de que o Jango seria algo extraordinário ao país, porque ele era um populista e eu, um acadêmico. E, na universidade, tínhamos a convicção de que as mudanças viriam da luta de classes, não do populismo.
Pois bem, chegando a São Paulo, encontrei um clima de grande agitação. Nessa época o Darcy (Ribeiro) já havia sido nomeado chefe da Casa Civil do Jango. E era muito amigo da minha família.
Nós nos falamos algumas vezes por telefone naqueles dias e isso terminou me trazendo uma dor de cabeça tremenda, pois o aparelho do Darcy estava grampeado e fui grampeado, também.
O que aconteceu exatamente?
O Darcy um dia me disse que viria a São Paulo e eu comentei “vem com cuidado aí com o Grupo dos Onze” (grupo de resistência radical concebido em 1963 pelo então governador gaúcho Leonel Brizola).
Disse aquilo por dizer, sem qualquer intenção, porque havia acontecido uma violência contra o ministro da Reforma Agrária do Jango, em São Paulo, algo assim. Esse comentário grampeado iria me complicar no futuro, quando fui processado na Justiça Militar.
Mas, na noite do golpe, lá na Maria Antonia, havia mesmo muita confusão. Eu exercia certa influência sobre alunos e professores mais jovens, embora fosse jovem também – tinha só 33 anos, mas já fazia parte do Conselho Universitário. Muitos dos meus colegas achavam que o golpe era do Jango e dos generais leais a ele, o Amaury Kruel, o Osvino Ferreira Alves.
A confusão era tanta que eu telefonei para o Luiz Hildebrando da Silva, que era da Medicina da USP e ligado ao Partidão (o então clandestino Partido Comunista Brasileiro), dizendo para ele vir até a Maria Antonia, pois estavam preparando um manifesto contra um golpe do presidente. E não um manifesto contra o golpe no presidente! Veja como estávamos perdidos na USP, isolados da vida política, mergulhados num marxismo teórico.
Vou contar uma passagem estapafúrdia: naqueles dias soubemos que haveria uma resistência armada no Sul e então o Bento Prado, o (cientista social) Leôncio Martins Rodrigues, o Paulo Alves Pinto, que era sobrinho do general Osvino, e eu cogitamos tomar um aviãozinho no Campo de Marte para lutar no Sul.
Ainda bem que não houve luta alguma (ri). Então, assim foi a minha última noite andando pela rua Maria Antonia. No dia seguinte, a polícia apareceu por lá para me prender. Quase levaram o Bento Prado, pensando que fosse eu.
Como escapou de ser preso na Maria Antonia?
Alunos meus ficaram nas esquinas, à espreita, para me avisar que a polícia estava lá, assim que eu me aproximasse. Acabei não indo à faculdade e naquela noite dormi na casa de um amigo, o cineasta Bráulio Muniz. Continuei me escondendo, daí fui para o Guarujá na casa do (fotógrafo) Thomas Farkas, com o Leôncio. E a Ruth (Cardoso), minha mulher, ficou aqui, tentando entender o que se passava.
Ruth procurou o Honório Monteiro, que fora ministro do presidente Dutra e era meu colega no Conselho Universitário. O Honório tentou interferir a meu favor junto ao Miguel Reale, então secretário de Segurança. Mas o Reale respondeu que no meu caso não havia o que fazer, porque “esse professor Cardoso não é só teórico, mas prático também”.
Outro amigo, o (economista, museólogo e autor teatral) Maurício Segall, que já se ocupava de organizar fugas, achou que eu tinha que cair fora, não havia condições de ficar no país. Saí por Viracopos e fui para Argentina, para a casa de um ex-colega meu na França, que mais tarde viria a ser ministro do Kirchner, o José Nun.
Tive convite para lecionar na Universidade de Buenos Aires, mas também convite para trabalhar na Cepal, no Chile. Preferi ir para o Chile. Meses depois Ruth veio ao meu encontro, com as crianças, e lá ficamos anos.
Voltou ao Brasil nesse período?
Duas vezes. Eu me encontrei em Paris com (o professor e crítico literário) Antonio Candido, que dava aulas por lá, e ele me ajudou a voltar ao Rio para ver meu pai. Era 1965. Quando meu pai morreu, eu estava no Chile, mas já com passaporte validado, portanto voltei para o enterro. Houve uma missa com muitos oficiais e um deles chegou perto do meu irmão para dizer, referindo-se a mim: “Ou ele vai embora ou vai ser preso”.
Vim para a casa do (empresário e editor) Fernando Gasparian, em São Paulo, dormi outra noite na casa do (sociólogo) Pedro Paulo Popovic, e regressei ao Chile. Acabei não sendo preso.
Houve o processo contra mim na Justiça Militar, com acusações ridículas, entre as quais aquela envolvendo o telefonema grampeado do Darcy, e outras histórias vindas da universidade, de colegas que naquele momento dedo-duraram bastante, mas depois virariam ultra-esquerdistas.
O general Peri Bevilacqua, neto do Benjamin Constant e homem ligado à minha família, foi quem me deu um habeas corpus anos depois (no Superior Tribunal Militar, de que era ministro). Mais tarde ele seria cassado, também. Pude devolver as medalhas do general para a família dele, quando estava na Presidência.
O que o senhor pesquisava na época do golpe?
O empresariado brasileiro. Foi minha tese de livre-docência, defendi em 1963 e publiquei-a no ano seguinte.
Contestava a visão da esquerda de que havia uma aliança dos latifundiários com os imperialistas, contra a burguesia nacional e o povo. Isso era bobagem. Os empresários tinham ligação com o campo e não eram antiimperialistas, com exceção de dois ou três. A esquerda apostava no papel progressista da burguesia nacional e eu tinha uma visão crítica em relação a isso.
Disse que não se entusiasmava por João Goulart. Como o definiria?
Jango não era de assustar ninguém e hoje seria um político muito mais tranquilo do que qualquer um desses governantes populistas da América Latina. Mas, no contexto da Guerra Fria, e pelos contatos que tinha com os comunistas, representava o horror naquele momento.
Vi isso acontecer de novo no Chile. Allende era um reformista e virou o belzebu. Enfim, Jango era um político brasileiro tradicional, populista, um latifundiário que nunca quis fazer revolução alguma. Levantava a bandeira das reformas de base e ninguém sabia exatamente o que eram.
Olhando sociologicamente: tínhamos o mundo contingenciado pela Guerra Fria, porém o Brasil começava a se encaixar no eixo dos investimentos estrangeiros, desde o Juscelino. Havia crescimento industrial, forte migração campo-cidade e um Estado incompetente para atender às demandas de uma sociedade que crescia.
Então, a população começou a se movimentar e ir para as ruas. Nós, acadêmicos, estávamos tão entretidos com os debates teóricos, que quando nos demos conta as ruas tinham entrado na universidade!
Qual era o projeto dos militares em 1964? Submeter o País a uma modernização imposta de cima para baixo?
Acho que nem tinham projeto. Setores pensavam de forma diferente e foram variando de posição até o final. O general Amaury Kruel (foi ministro da Guerra de Jango), por exemplo, foi um que variou até o momento do golpe. Mesmo o general Mourão, de Minas, não tinha noção do que deveria ser feito.
Quem tinha? Os oficiais da Escola Superior de Guerra, o grupo do Castello Branco. Esses sabiam que seria importante empreender no País a modernização conservadora. Mas, veja só, entregaram a economia ao (Otávio Gouveia de) Bulhões e ao (Roberto) Campos, que por sua vez saíram atrás da modernização capitalista – arrocho fiscal, arrocho salarial, tudo feito a machadinhas, o povo pagando um preço alto.
Implantaram um programa austero, que deu na explosão econômica dos anos 70. Ora, quem fez isso não foram os militares, mas o Bulhões e o Campos. Havia necessidade de modernizar o capitalismo brasileiro. E, consequentemente, frear o avanço do setor estatal. Até porque o Juscelino já tinha feito o enganche do país com o setor produtivo global e os militares sabiam disso.
O senhor acha que o regime, no seu primeiro momento, tratou de sepultar o legado varguista?
O Castello, talvez. A verdade é que os militares já estavam claramente divididos, e isso era visível no Clube Militar: havia o setor ultranacionalista e o setor democrático-liberal. Este se aproximava dos Estados Unidos. E o ultranacionalista, embora não engolindo os russos, achava que eles funcionavam como contrapeso ao poderio americano.
Isso, evidentemente, tem a ver com as posturas “ser Getúlio” ou “ser anti-Getúlio”, levando-se em conta que o Getúlio simbólico foi sempre o nacionalista-estatizante. É interessante notar como era o contexto da época: os militares nacionalistas-estatizantes, que nunca confiaram nas forças do mercado, eram chamados de esquerda, o que era exagero. E os democráticos-liberais eram vistos como direita, outro exagero.
Daí o regime foi se radicalizando.
Exato, foi radicalizando a tendência autoritária. Isso não foi pretendido no começo, mas foi se formando. E virou um monstro que, não fosse o (general Ernesto) Geisel ter-se oposto, justo ele, um nacionalista-estatizante, correríamos o risco de cair numa direita fascista. Uma direita que se justificaria pelo apego à ordem, e não pelo desenvolvimento capitalista.
Cabe ainda muita pesquisa sobre o período, para analisar com objetividade e entender como tudo aconteceu ao largo de um intenso processo de industrialização e urbanização. São Paulo, em meados da década de 70, crescia 5% ao ano. Havia mais de cinco milhões de pessoas vivendo aqui. Tivemos um crescimento econômico que não correspondeu ao social.
Isso começa a ser corrigido com a redemocratização e vem até agora. Penso que hoje, de novo, vivemos algo parecido. Não se tem mais a mobilidade rural-urbana do passado, mas uma intensa mobilidade social. As pessoas querem mais e o Estado não tem como dar.
Instalados no poder, os militares trataram de providenciar uma fachada de legalidade ao regime. Chegaram a falar em “democracia relativa”.De fato, eles nunca aceitaram que o regime não fosse visto como democrático.
Confira parte da entrevista de FHC no vídeo abaixo:
Tags: Castello Branco, Darcy Ribeiro, democracia, Ernesto Geisel, fascismo, FHC,Getúlio Vargas, golpe, João Goulart, Leonel Brizola, militares, nacionalismo, Ruth Cardoso, USP, varguismo
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31/03/2014 às 16:00 \ Política & Cia
Aécio: Dilma superou ‘todas as expectativas’ de desperdício de dinheiro público
Aécio: “Caso Petrobras é exemplo de má gestão” (Foto: Evaristo Sá / AFP)
Por Felipe Frazão, do site de VEJA
O senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, disse nesta segunda-feira em São Paulo que a presidente Dilma Rousseff “superou todas as expectativas” de desperdício de dinheiro publico.
O tucano participa de debate com empresários acompanhado do governador paulista, Geraldo Alckmin, e do mineiro Antônio Anastasia, ambos do PSDB.
“Daqui a pouco vamos ter o confronto do Brasil virtual da propaganda do governo com o Brasil real”, disse o senador. “E um país que parou de crescer, assustado com a absoluta incapacidade de gestão em todas as áreas. A Petrobras é o caso mais emblemático mas, mas se espalhou por todo o governo”.
Aécio acrescentou: “As pessoas erram, o que me incomoda é não admitir o erro, achar que tudo é normal e que tudo vai bem”, afirmou.
Leia também: Mercado antecipa seu julgamento sobre Dilma. E a sentença é dura
Tags: Aécio Neves, Antonio Anastasia, desperdício de dinheiro público,empresários, Geraldo Alckmin, governo Dilma, má gestão, PSDB
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31/03/2014 às 15:00 \ Política & Cia
50 ANOS DO GOLPE DE 1964: Em áudio histórico imperdível, a tumultuada sessão do Congresso que declarou vaga a Presidência
O senador Moura Andrade declara vaga a Presidência da República, na sessão do Congresso que começou na noite de 1º e terminou na madrugada de 2 de abril de 1964 (Foto: Reprodução YouTube)
Publicado originalmente em 28 de novembro de 2013
É a história contemporânea do país pulsando, num áudio emocionante, de arrepiar, que vocês poderão ouvir a seguir.
Todos já sabem que o Congresso Nacional anulou, na quinta-feira passada, 21, a sessão do próprio Congresso em que foi declarada vaga a Presidência da República em abril de 1964 após o levante militar que o derrubou do poder. O presidente João Goulart deixara Brasília rumo ao Rio Grande do Sul.
Pois bem, agora vocês poderão ouvir os principais trechos daquela sessão entre a noite do dia 1º e a madrugada de 2 de abril de 1964 em que o então presidente do Senado e do Congresso, Auro de Mora Andrade (PSD-SP), sob intensa gritaria de protestos mas também de apoio, declara vaga a Presidência da República e empossado no cargo o então presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli (PSD-SP).
Deputados indignados aglomeram-se diante do microfone de apartes. Agarrando o microfone, o líder do PTB, Doutel de Andrade (SC). Atrás dele, o deputado Mário Maia (AC) (Foto: Reprodução YouTube)
Moura Andrade, com seu vozeirão imponente, usando as fortes campainhas existentes no plenário, impede questão de ordem do deputado Bocayuva Cunha (PTB-RJ), um dos principais aliados de Goulart na Câmara, e atropela outra, do deputado Sérgio Magalhães, do PTB da antiga Guanabara, enquanto vários deputados e senadores gritam, vaiam e aplaudem.
O deputado Bocayuva Cunha tenta informar que oficiais da Marinha haviam detido o governador do Estado do Rio (na época separado da capital, que era o Estado da Guanabara), Badger da Silveira.
É grande o tumulto e, prejudicados pela distância dos microfones de aparte, ouvem-se gritos diferentes de políticos do governo e da oposição — “é mentira!”, “traidor!”, “é isso mesmo!”, “viva!”, “canalha!”…
O áudio não é longo e vale cada minuto. Uma pequena lição de história.
Tags: áudio, Auro de Mora Andrade, Badger da Silveira, Bocayuva Cunha, Doutel de Andrade, João Goulart, levante militar, Mario Maia, questão de ordem, Ranieri Mazzilli, senador Moura Andrade
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31/03/2014 às 14:00 \ Bytes de Memória
50 ANOS DO GOLPE DE 1964: Eu vi JK votar no marechal Castello para depois ser cassado (capítulo 2, final)
O marechal Castello Branco, primeiro presidente do regime militar
Publicado originalmente a 17 de outubro de 2010
Como escrevi no post anterior sobre o assunto, à semelhança de meu colega de site e grande amigo Augusto Nunes, também adquiri uma pequena coleção de presidentes ao longo da carreira. Não se trata de um grande baú, como o dele, mas, tal qual figura no título acima, uma gaveta.
E contava no post anterior como, ainda antes de me tornar jornalista – começava o primeiro ano de curso de Direito na Universidade de Brasília (UnB) –, apenas acompanhando meu pai, Arnaldo Setti, e um grande amigo dele, o advogado Léo Lynce de Araújo, meu irmão Arnaldo Augusto e eu acabamos sendo duas entre as apenas duas mil testemunhas, entre os 70,1 milhões de brasileiros de então, a presenciar, das tribunas do Congresso Nacional, a eleição indireta do primeiro presidente da ditadura militar, marechal Humberto de Alencar Castello Branco, no dia 11 de abril de 1964.
E com o voto a favor do ex-presidente Juscelino Kubitschek, então principal líder do PSD, senador por Goiás, pré-candidato a voltar ao Palácio do Planalto no ano seguinte, e a quem o regime militar viria a cassar o mandato, suspender os direitos políticos, perseguir e humilhar.
A “vacância” da Presidência
João Goulart fora derrubado por um golpe militar, mas tecnicamente, a eleição se daria para preencher a vacância do cargo.
Para quem não se lembra ou não sabe, recordo ou explico.
João Goulart e Leonel Brizola
Deflagrado o golpe pelo comandante de uma unidade militar em Minas Gerais, general Olympio Mourão Filho, com o apoio do então governador mineiro Magalhães Pinto, da extinta UDN, o presidente decidiu viajar de Brasília para Porto Alegre, onde a opinião pública e os militares já haviam se levantado em 1961 contra a perspectiva de um golpe de Estado para evitar sua posse, após a renúncia de Jânio, sob a liderança do então governador Leonel Brizola (do velho PTB de Getúlio Vargas, não o atual), cunhado de Jango, casado com Neusa Goulart, irmã do presidente.
O chefe da Casa Civil de Jango, professor Darcy Ribeiro, informou o Congresso por ofício, lido em plenário pelo 1º secretário, senador Adalberto Senna (PTB-AC), que o presidente seguira de Brasília para o Rio Grande do Sul.
Mesmo assim, o presidente do Congresso, senador Auro de Moura Andrade (PSD-SP), enfrentando a fúria de deputados e senadores governistas e um grande tumulto no plenário, declarou vago o cargo de presidente, uma vez que João Goulart, disse, encontrava-se “em lugar incerto e não sabido”.
Confira abaixo o clima desse momento histórico, inclusive os gritos e protestos de deputados e senadores:
A importância do PSD de JK
Os militares estavam com a faca, o queijo, a caneta e os canhões nas mãos, mas, em sua preocupação de dar tinturas supostamente democráticas ao golpe, queriam manter algumas formalidades. A eleição indireta de Castello pelo que sobrou do Congresso após cassações de mandatos e suspensões de direitos políticos era uma delas.
E, por uma questão de segurança, havia que se ter o apoio da maior bancada, a do PSD, até porque muitos parlamentares inclinavam-se a votar no general Amaury Kruel, comandante do poderoso II Exército (hoje Comando Militar do Sudeste, sediado em São Paulo). O gaúcho Kruel, amigo e compadre de Jango, havia aderido ao golpe na última hora.» Clique para continuar lendo e deixe seu comentário
Tags: Amaury Kruel, Augusto Nunes, Auro de Moura Andrade, Castello Branco,Congresso Nacional, Darcy Ribeiro, Gaveta de presidentes, João Goulart,Juscelino Kubitschek, PSD, UDN
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31/03/2014 às 12:00 \ Bytes de Memória
50 ANOS DO GOLPE DE 1964: Eu vi JK votar no marechal Castello, para depois ser cassado (capítulo 1)
Parlamentares aplaudem depois de elegerem o marechal Castello Branco como primeiro presidente do regime militar (Foto: Reprodução revista “Manchete”)
Publicado originalmente a 11 de outubro de 2010. Continua às 14 horas
Meu primeiro presidente foram dois: Juscelino Kubitschek (1956-1961) e o marechal Humberto de Alencar Castello Branco (1964-1967), primeiro do ciclo da ditadura de 1964. Só que eu ainda não era jornalista – mas, meninos, eu vi.
Entre os 70,1 milhões de brasileiros de então, eu fui, aos 18 anos, e ao lado de meu pai, de um grande amigo dele e de um de meus quatro irmãos, um dos 2.000 cidadão que assistiram, no Congresso Nacional, à eleição indireta de Castello como presidente da República para completar o mandato do deposto presidente João Goulart, o Jango.
Dessas duas mil pessoas – entre o público nas galerias da Câmara dos Deputados, onde se reúne o Congresso, os próprios parlamentares e os funcionários e jornalistas que assistiram à cena história –, quantos estarão vivos?
Sem ter planejado nada e na condição de mero estudante de Direito na Universidade de Brasília (UnB), acredito ser hoje, com meu irmão Arnaldo Augusto, à época estudante secundarista, uma rara testemunha sobrevivente entre 193 milhões de brasileiros do triste acontecimento, que se deu no dia 11 de abril de 1964.
E vi JK – sim, exatamente JK, que seria cassado e perseguido pela ditadura – votar no marechal. » Clique para continuar lendo e deixe seu comentário
Tags: Amaury Kruel, Arnaldo Augusto, Arnaldo Setti, Augusto Nunes, Auro de Moura Andrade, Brasília, Câmara dos Deputados, Castello Branco, Congresso Nacional, Diamantina, eleição indireta, Esplanada dos Ministérios, Exército,Gaveta de presidentes, Goiás, Jango, JK, JK-65, João Goulart, José Feliciano,Juarez Távora, Juscelino Kubitschek, O Alvorada, PSD, Universidade de Brasília
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65 COMENTÁRIOS
31/03/2014 às 7:35 \ Política & Cia
50 ANOS DO GOLPE DE 1964: vejam curto documentário apresentado por Augusto Nunes
Documentário narra os principais acontecimentos que antecederam o golpe de 1964
Há 50 anos o Brasil foi palco de acontecimentos políticos tão dramáticos e relevantes que ainda hoje não foram relegados à serena decantação da História, continuando em discussão como se se tratasse de evento mais recente: o golpe militar de 1964, cuja ditadura decorrente duraria 21 anos.
Neste minidocumentário, Augusto Nunes narra os principais fatos que antecederam o golpe, desde a sucessão de Jânio Quadros por João Goulart, em 1961, até a posse do marechal Humberto Castello Branco, eleito indiretamente pelo Congresso, em 1964.
Tags: Augusto Nunes, Castello Branco, documentário, golpe de 1964, Jânio Quadros, João Goulart
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30/03/2014 às 18:45 \ Política & Cia
GABEIRA: “Os críticos da Petrobrás não são bons brasileiros. Bons são os que se apossaram dela e a fizeram perder R$ 200 bilhões nestes anos e despencar no ranking das grandes empresas do mundo”
DE PAI PARA FILHO – A refinaria de Pasadena, no Texas: comprada na gestão de Sérgio Gabrielli na Petrobras, acabou se transformando em um problemão do qual Graça Foster (no detalhe) quer se livrar (Agência Petrobras e Glaicon Enrich/News Free)
Água era o meu foco. Revisitava o Rio Piracicaba castigado pela seca. No passado fui a algumas reuniões do Comitê de Bacia.
Já havia na época uma preocupação com o futuro do rio, tão solicitado: abastece uma região em crescimento e mais 8,8 milhões de pessoas em São Paulo.
Lembrei, à beira do Piracicaba, alguns autores no fim do século passado afirmando que a água seria o petróleo do século XXI, com potencial de provocar conflitos e até guerras.
Mas ao falar no petróleo como algo do passado constatei que está na ordem do dia. Enterraram uma fortuna em Pasadena, no Texas. Outra Pasadena, na Califórnia, é a cidade cenário da sitecom The Big Bang Theory.
Pois é, nossa Pasadena começou com um singular ponto que se expande de forma vertiginosa. Foi uma espécie de Big Bang na consciência dos que ainda duvidavam que a Petrobrás estivesse indo para o buraco nas mãos dos aliados PT e PMDB.
Diante dos fatos, vão-se enrolar de novo na Bandeira Nacional, sobretudo num momento de Copa do Mundo, fulgurante de verde e amarelo.
Os críticos da Petrobrás não são bons brasileiros. Bons são os que se apossaram dela e a fizeram perder R$ 200 bilhões nestes anos e despencar no ranking das grandes empresas do mundo.
O líder do governo, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), disse que a perda desse dinheiro faz parte do jogo capitalista de perde e ganha. Se fosse numa empresa privada, dificilmente seus diretores resistiriam no cargo.
Em Pasadena enterrou-se dinheiro público. O que deveria ser mais grave em termos políticos.
Pasadena é uma boa versão com sotaque latino para Waterloo. Dilma Rousseff afirma que assinou a compra da refinaria no Texas sem conhecer as cláusulas.
Depois disso conheceu. Ela lançou uma nota para explicar o momento em que não sabia. E se esqueceu de explicar todos os anos de silêncio e inação.
Os diretores que teriam omitido as cláusulas que enterram mais de US$ 1 bilhão em Pasadena continuaram no cargo. Até a coisa explodir mesmo. Tenho a impressão de que tentaram sentar-se em cima da refinaria de Pasadena. Sentaram-se numa baioneta, porque não se esconde um negócio desastroso de mais de US$ 1 bilhão.
Os fatos começam a se desdobrar agora que os olhares se voltam para esse refúgio dos nacionalistas, defensores da Pátria enriquecidos.
Uma empresa holandesa cobrou US$ 17 milhões da Petrobrás por serviços que não constavam do contrato. A primeira parcela da compra em Pasadena foi declarada como US$ 360 milhões, mas no documento americano ela foi registrada como uma compra de US$ 420 milhões. Refinarias compradas no Japão têm as mesmas cláusulas do contrato desastroso de Pasadena.
Um amigo de Brasília me disse ao telefone: “Se esse Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobrás, abrir a boca, a República vai estremecer”.
Conversa de Brasília. Quantas vezes não se falou o mesmo de Marcos Valério?! O que pode trazer revelações são os computadores, pen drives e documentos encontrados na casa dele.
A Polícia Federal não acreditava que ele iria falar, tanto que o prendeu com o argumento de que estava destruindo provas.
Passa, passa, Pasadena, quero ver passar. A Petrobrás da nossa juventude, dos gritos de “o petróleo é nosso”, se tornou o reduto preferido dos dois grandes partidos que nos governam.
O petróleo é deles, do PT e do PMDB. Levaram o slogan ao pé da letra e suas pegadas na maior empresa do País demonstram que devoram até aquilo que dizem amar.
De certa forma, isso já era evidente para mim nas discussões dos contratos do pré-sal. Eles impuseram uma cláusula que obriga a Petrobrás a participar de todos os projetos de exploração. Não deram a chance à empresa de recusar o que não lhe interessava.
Tudo isso é para fortalecer a Petrobrás, isto é, fortalecer-se com ela, com uma base de grandes negócios, influência eleitoral e, de vez em quando, uma presepada nacionalista, tapas imundos de óleo nas costas uns dos outros, garrafas de champanhe quebradas em cascos de navios.
Lá, no Texas, os magnatas do petróleo usavam aqueles chapéus de cowboy. Lá, em Pasadena. Aqui, os nossos magnatas em verde e amarelo estão com poucas opções no momento. Ou reconhecem o tremendo fracasso que é a passagem dos “muy amigos” da Petrobrás pela direção da empresa ou se enrolam na Bandeira e acusam todos de estarem querendo vender a Petrobrás. Diante das eleições e da Copa do Mundo, devem optar por uma alternativa mais carnavalesca.
Mas os fatos ainda não são de todo conhecidos. Deverá haver uma intensa guerra de bastidores para que não o sejam, especialmente os documentos nas mãos da Polícia Federal.
Pasadena. Certos nomes me intrigam. O mensalão não seria o que foi se não houvesse esse nome tão popular inventado por Roberto Jefferson, que no passado apresentava programas populares de TV. Pasadena soa como algo esperto, dessas saidinhas em que você vai e volta em cinco minutos, leve e faceiro. Mas pode ser que Pasadena não passe e fique ressoando por muito tempo, como o mensalão. E se tornar uma saidinha para comprar cigarros, dessas sem volta, para nunca mais.
Criada uma comissão no Congresso Nacional, envolvidos Ministério Público e Polícia Federal, podem sair informações que, somadas às de fontes independentes, deem ao País a clara visão do que é a Petrobrás no período petista. Não tenho esperança de que depois disso todos se convençam de que a Petrobrás foi devastada. Mas será divertido vê-los brigando com os fatos, com as mãos empapadas de óleo.
Diante do Rio Piracicaba meu foco é a água. Na semana passada, vi como na Venezuela o uso político do petróleo deformou o país. No Brasil o alvo da voracidade aliada é a Petrobrás.
E se a água é o petróleo do século 21, daqui a pouco vão descobri-la, quando vierem lavar as mãos nas margens dos nossos rios.
Tags: Eduardo Braga, enrolar-se na bandeira. Copa do Mundo, negócio desastroso, o petróleo é deles, Petrobrás, PMDB, Polícia Federal, pré-sal, PT,refinaria Pasadena, Rio Piracicaba
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30/03/2014 às 17:28 \ Política & Cia
Os problemas do desgoverno de Dilma começaram com Lula. E parece que o povo está se dando conta disso
Post do leitor e amigo do blog Ruy Jorge, advogado em Brasília
Um dado da última pesquisa CNI/IBOPE sobre o governo Dilma chamou minha atenção:
– Na comparação entre os governos de Lula e Dilma, 46% acreditam que os dois governos são iguais.
Como a pesquisa revela também que parte substancial da população considera ruim ou péssimo o governo Dilma, isso deve significar que quase metade considera o governo Lula tão ruim quanto o de D. Dilma.
Como, então, explicar os oitenta e cinco por cento de aprovação do governo Lula que levaram à eleição de sua continuadora, a super-gerentona?
Acredito que isso se deva ao simples passar do tempo e aos resultados da continuidade das políticas iniciadas por Lula.
Após três anos do fim dos mandatos de Lula, as pessoas avaliando com mais objetividade e distanciamento, constatam que a continuidade daquilo que, em um primeiro momento, lhes parecia tão favorável resultou, na verdade, em um grande desastre.
Faz lembrar o Plano Cruzado: no início, uma foi grande euforia, o então presidente José Sarney considerado um grande estadista; depois a constatação do grande mal que fez ao país.
Nada como o passar do tempo para que as pessoas pensem e façam as devidas comparações, avaliando as consequências das medidas tomadas pelos governos.
Uma coisa é a sensação momentânea de que tudo vai bem, coisa muito diferente é a constatação, posterior, das verdadeiras consequências daquele aparente ¨tudo vai bem”…
É aí que aparece a verdadeira avaliação dos governos.
O governo de D. Dilma, inegavelmente, nada mais é do que a continuação do que foi o governo Lula.
Tudo o que ocorre hoje, e que leva à deterioração do conceito da população quanto ao governo Dilma, foi iniciado e é consequência de medidas e políticas adotadas no governo Lula.
Vejamos:
- Refinaria de Pasadena,
- Refinaria Abreu e Lima,
- alta da inflação,
- modificações no marco regulatório dos setores elétrico e do petróleo,
- represamento artificial dos preços administrados,
- aumento dos gastos públicos de custeio,
- destruição gradual das regras de responsabilidade fiscal,
- destruição da Petrobras e da Eletrobrás,
- aparelhamento do Estado, etc.
Dilma, na verdade, só fez continuar a “obra” (valeria, aqui, o trocadilho com um certo verbo?) iniciada por Lula.
Parece que o povo começa a ver isso.
Tags: agências reguladoras, alta da inflação, aparelhamento do Estado, Dilma Rousseff, Eletrobras, Ibope, Lula, pesquisa, Petrobrás, queda na aprovação,Refinaria Abreu Lima, refinaria Pasadena, responsabilidade fiscal
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